Lula diz em entrevista que ‘briga agora é para tentar consertar o Brasil’
Ex-presidente disse que tudo no Brasil piorou desde que o PT foi derrubado, e que prefere “ficar com povo do Cariri” do que ceder a empresários da Faria Lima
Publicado 15/04/2021 - 14h15
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar “muito tranquilo” em relação ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (15), a respeito da decisão do ministro Edson Fachin que anulou as condenações contra ele na Lava Jato. Ele afirmou que o plenário da Corte “sempre será soberano”. Em entrevista à rádio O Povo CBN, Lula afirmou que a sua briga agora “é para tentar consertar o Brasil”. De acordo com o ex-presidente, o Brasil “piorou muito”, desde o golpe do impeachment, em 2016. A piora se deu “em nível interno, internacional, empresarial, de renda e de emprego”. Lula citou, em especial, o ressurgimento da fome no país.
“Eu nunca vi tanta fome como eu estou vendo agora em São Paulo, na periferia e no centro de São Paulo. No centro de Fortaleza, no interior do Ceará e no interior de Pernambuco. Porque há um desrespeito total com o pobre neste país”, disse Lula na entrevista. “Me parece que as pessoas têm ódio quando o pobre sobe um degrau na ascensão social neste país. Eu fico muito irritado porque nós tínhamos acabado com a fome, a ONU reconheceu, e bastou derrubar a Dilma para ‘melhorar o Brasil’, segundo nossos adversários”, acrescentou.
Mais Cariri, menos Faria Lima
Por outro lado, sobre a resistência ao seu nome por parcelas do empresariado e do mercado financeiro, Lula lembrou que, durante o seu governo, “todos eles ganharam dinheiro como nunca”. A diferença, no entanto, “foi que os pobres ganharam também”, destacou.
“Pra não ter dúvida, entre ceder ao povo da Faria Lima e ao povo do Cariri no Ceará, eu ficou com o povo pobre do Cariri, o povo pobre de Fortaleza. Eu quando fui presidente eu dizia que governava para todos, mas que eu tinha um olhar mais apaixonado para as pessoas mais pobres”, declarou.
Bolsonaro anti-ciência
Além disso, Lula também criticou na entrevista à emissora de rádio, a conduta “genocida” do atual presidente, Jair Bolsonaro, no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. “Vocês acham que tenho prazer de chamar o Bolsonaro de genocida? Infelizmente esse cidadão fez tudo diferente daquilo que a ciência brasileira está pedindo”. E ainda se aproveita ao atacar governadores e prefeitos, ressaltou.
“Os governadores do Nordeste são exemplos de quem Bolsonaro não devia ter raiva. Bolsonaro deveria chamar estes companheiros e falar: ‘como é que vocês fizeram? Me ensinem como é que se faz, porque eu não sei conversar. Eu não sei conviver com quem é contrário”, sugeriu Lula
Apontou, ainda, a negligência de Bolsonaro na compra de vacinas contra a Covid-19. Apresentado uma lista de vacinas, o ex-presidente indicou que atual ocupante do Palácio do Planalto deixou de adquirir 700 milhões de doses de diversos imunizantes diversos.
VACINA: Bolsonaro deixou de comprar 700 milhões de doses oferecidas ao Brasil em 2020:
— Lula (@LulaOficial) April 15, 2021
138 milhões da OMS Covax
100 milhões da Sputnik
200 milhões da AstraZeneca
160 milhões do Butantan
70 milhões da Pfizer
20 milhões da Jonhson
20 milhões da Moderna
20 milhões da Bharat