POSITIVO

Lula deu passo importante ao se reunir com jovens, afirma Vannuchi

Analista lembra a necessidade de debater temas próprios da juventude, como a descriminalização da maconha, ampliando o visão sobre as novas percepções de mundo e de lutas

Ricardo Stuckert / Instituto Lula

Ex-presidente planejava esses encontros desde o estopim da revolta da juventude, em junho de 2013

São Paulo – O analista político Paulo Vannuchi comentou em sua coluna hoje (14) na Rádio Brasil Atual o debate do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com jovens no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na última terça-feira (12). Segundo ele, Lula deu um passo importante após defender a discriminação da maconha. “Atitude de Lula de entrar nesse debate vai ser fatal entre os movimentos ligados à essa luta, para que possam pedir contato com ele para explicar melhor sua posição.”

Durante o evento, o ex-presidente estimulou o público a participar e fazer perguntas sobre diversos temas, incluindo a terceirização e o governo Dilma. Após algumas dúvidas, houve o questionamento da legalização da maconha – e ele se mostrou favorável a descriminação.

“Vão perguntar o ‘porquê’ do posicionamento de Lula, mas no Brasil, cresce a percepção de que o sistema prisional é um sistema que está controlado internamente pelo crime organizado, o PCC, e atualmente, a política nacional de drogas permite enfiar na cadeia o jovem, que na fase de experimentação necessária da vida, então que cabimento tem um jovem que é preso num momento desses, ser enfiado na cadeia, como mão de obra barata do crime organizado”, explica Vannuchi.

O analista afirma que o ex-presidente planejava esses encontros desde o estopim da revolta da juventude, em junho de 2013, e que a ação é importante, já que a classe passa por uma situação de desemprego, e os jovens negros são exterminados pela polícia militar de alguns estados, incluindo o de São Paulo.

Para o analista, Lula tem uma percepção superior à outras lideranças políticas. “Ele compreendeu que há um problema com a juventude do Brasil, por exemplo, nas fábricas, quando se prepara uma greve, nos segmentos mais jovens, se percebe até uma resistência maior.”

O comentarista compara o discurso e a ação de Lula com o texto do pensador italiano Antonio Gramsci, que diz que o ator político tem que ter duas qualidades, o conjunto do trabalho e o que esse personagem faz para que essa política continue no dia que ele esteja fora da cena.

“Eu gosto dessa passagem porque a questão da juventude é exatamente isso, ou seja, nenhum projeto político é sério, se ele não cuida da garantia a continuidade no momento em que os atores atuais saem de cena. Porém, só tem um jeito de garantir essa continuidade, é o investimento no diálogo com a juventude para levar a eles, a memória das lutas anteriores, mas também para aprender com eles as novas percepções do mundo atual”, explicou.

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