CPI da Petrobras

Lula: Bolsonaro faz bravata com Petrobras para esconder incapacidade de governar

Lula diz que Bolsonaro não quer brigar com acionistas, que ficam com lucro exorbitante da Petrobras: “Não sobra nada para melhorar a vida do povo”

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Lula sobre Bolsonaro, a condução da Petrobras e do governo: "Cidadão desumano"

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (21) que a criação de uma CPI da Petrobras é mais uma bravata do governo Jair Bolsonaro. Segundo o petista e pré-candidato à Presidência, essa é uma prática corriqueira de Bolsonaro para esconder sua “incapacidade” de governar. “A primeira coisa que ele sempre tenta fazer é jogar a responsabilidade da sua incapacidade diuturnamente em cima dos outros.”

As afirmações foram feitas durante lançamento das Diretrizes Programáticas do movimento Vamos Juntos Pelo Brasil, na manhã de hoje. O texto é assinado pelos sete partidos – PT, PSB, PCdoB, Psol, PV, Rede e Solidariedade – que apoiam a chapa de Lula e Geraldo Alckmin (PSB) na eleição presidencial. Confira a íntegra do documento ao final deste texto e a transmissão em vídeo aqui.

“Quando o Pedro Parente (presidente da Petrobras no governo de Michel Temer) adotou a PPI (preços de paridade de importação), ele não levou para o Congresso. Foi uma decisão do presidente da Petrobras ouvindo o Conselho da Petrobras, se é que ouviu. E tomou a decisão a pretexto de que era preciso salvar a Petrobras”, lembrou Lula. “Da mesma forma, eles privatizaram a BR Distribuidora, dizendo que era preciso ter mais competitividade para o preço do combustível, que ia parar de subir. Mas na verdade o preço não para é de subir”, disse Lula. “Isso significa que algo está muito errado neste país.”

Lula destaca importância de eleger Congresso comprometido com reconstrução do país

Segundo o ex-presidente, se Bolsonaro quisesse de fato baixar os preços dos combustíveis bastaria uma “canetada”. “Ele poderia dizer ao Conselho da Petrobras que é preciso reduzir o preço. Se ele tivesse qualquer dúvida, poderia reunir o Conselho Nacional de Política Energética, o Conselho da Petrobras, o presidente da Petrobras. E então, ele, presidente da República, tomaria a decisão de que é preciso reduzir, em benefício da sociedade brasileira.”

‘Parece que houve um terremoto’

Lula afirma que a real intenção de Bolsonaro em relação à Petrobras é manter o preço alto para “não brigar” com os acionistas. “Porque são os que ficam com o lucro da Petrobras, que é exorbitante. Não sobra nada para o reinvestimento da empresa, e nada para melhorar a vida do povo. É tudo para os acionistas, que estão recebendo o que demoraram muitos anos para receber no nosso governo”, afirmou.

O pré-candidato do PT à Presidência ressalta que em seu governo a prioridade não eram “só” os acionistas. “Era a Petrobras se transformar numa grande empresa, e não apenas de petróleo, mas numa grande empresa de energia. Eles estão desmontando isso”, disse. Segundo Lula, o governo Bolsonaro tenta criar “todas as confusões possíveis” com objetivo de criar um ambiente em que consiga propor a privatização da Petrobras. “E quem sabe ainda este ano. Como fizeram da forma mais vergonhosa possível no processo de privatização da Eletrobras.”

“Não estamos vivendo um período de normalidade neste país. Parece que houve um terremoto, que muitas coisas estão viradas de ponta-cabeça, e que a gente ainda está num processo de compreender tudo o que aconteceu e tudo o que ainda pode acontecer. Não temos uma governança normal neste país”, resumiu Lula.“É preciso investigar de que planeta veio essa figura. Ele prima pela necessidade de contar mentira. É compulsivo.


Diretrizes Programáticas Vamos Juntos pelo Brasil – íntegra

Comissão de redação e sistematização: Aloizio Mercadante, Antonio Corrêa de Lacerda, Guilherme Mello, Jorge Messias, José Sergio Gabrielli, Miriam Belchior, Nilma Lino Gomes, Sandra Brandão, Tereza Campello, William Nozaki. Representantes dos partidos: Alexandre Navarro (PSB), Camila de Caso (Psol), Claudio Puty (Psol), Domingos Leonelli (PSB), Guilherme Martinelli (Solidariedade), Jorge Onoda (Solidariedade), José Carlos Lima (PV), Luís Fernandes (PCdoB), Maria do Rosário (PT), Mônica Valente (PT), Osvander Valadão (PV), Pedro Ivo (Rede), Rubens Diniz (PCdoB), Wellington Almeida (Rede).