São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva emitiu hoje (28) nota desmentindo a versão da revista Veja para um encontro que teve em Brasília com o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. “Meu sentimento é de indignação”, disse o ex-presidente sobre a reportagem que afirmou que ele solicitou a Mendes ajuda para protelar o julgamento, na Corte, do caso do mensalão.

Em troca, Mendes contaria com o auxílio de Lula para garantir que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira não tocasse em eventuais relações dele com o grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. “Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria Geral da República em relação à ação penal do chamado mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República”, diz comunicado emitido pelo Instituto Lula. 

O ex-presidente lembra que o procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do mensalão e depois foi conduzido por ele, então chefe do Executivo, a novo mandato no cargo. “Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja”, afirmou, acrescentando que continua a respeitar a autonomia dos poderes constitucionais.

Também hoje, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim negou a versão de Veja para os fatos em entrevista ao jornal Zero Hora. Ele confirmou o encontro, realizado em 26 de abril em seu escritório em Brasília, mas garantiu que acompanhou toda a conversa e não surgiu em momento algum o tema do mensalão. Jobim, também ex-ministro do STF, afirmou que o encontro foi agendado a pedido de Lula, que queria visitá-los, e rebateu a afirmação da revista de que não quis negar o teor da conversa. “Como não neguei? Me ligaram e eu disse que não. Eu disse para a Veja que não houve conversa nenhuma.”