Lava Jato

Juiz que recebeu denúncia de Tacla Duran contra Moro e Dallagnol pede reforço na segurança

Sucessor de Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba, juiz Eduardo Appio afirmou que citados na denúncia de Tacla Duran “têm grande poder político e econômico” e que se sente “ameaçado”

Divulgação/JFPR
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Em ofício, Appio afirmou que vem sofrendo uma "onda de ameaças pessoais"

São Paulo – O juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, requisitou reforço na sua segurança pessoal. O juiz afirma estar sofrendo uma “onda de ameaças pessoais”. Na última segunda-feira (27), Appio colheu o depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran, que disse ser vítima de “extorsão” e “perseguição” por integrantes da Lava Jato, entre eles, o ex-juiz, ex-ministro e agora senador Sergio Moro (União Brasil-PR), além do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Tacla Duran ainda apresentou áudios e imagens que comprovariam o esquema montado por advogados que atuariam em conluio com os dois antigos comandantes da “República de Curitiba”.

“Sinto-me ameaçado pelas declarações dos envolvidos, os quais têm grande poder político e econômico”, disse o juiz, sem citar nomes, ao pedir reforça em sua segurança. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o magistrado requisitou um carro blindado e uma pistola, além de “apoio tático” da Polícia Federal (PF) no controle ao acesso do prédio onde trabalha.

Ainda na segunda-feira, Appio remeteu as denúncias de Duran ao Supremo Tribunal Federal (STF). Isso porque, na condição de parlamentares eleitos, Moro e Dallagnol passaram a ter o chamado “foro privilegiado”. Além disso, ele também solicitou a inclusão do advogado em programa de proteção a testemunhas do governo federal, após Duran relatar que vem sendo “perseguido” até hoje por nome ligados à Lava Jato. No depoimento, o advogado também apresentou áudios e imagens que comprovariam o esquema de “extorsão”.

Moro manobra

Hoje Moro pediu a Appio que reconsiderasse a decisão de enviar o caso ao STF. Ele alega que a extorsão apresentada por Tacla Duran não teria sido praticada no exercício de seu mandato parlamentar. Mas sim durante sua atuação como juiz. No entanto, se o advogado apresentar provas sobre as reiteradas ameaças e perseguições, os crimes estariam ainda em andamento.

Moro também alega que Appio não poderia proferir novas decisões antes de decidir sobre um pedido de suspeição formulado pelo Ministério Público Federal (MPF). Isso porque o atual titular da Lava Jato proferiu críticas à condução da operação, quando Moro e Dallagnol estavam no comando. Assim, Moro tenta escapar do juízo de Appio e do STF, ao mesmo tempo.

No entanto, também nesta quarta (29), o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, pediu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se pronuncie sobre o depoimento de Tacla Duran. Após a manifestação da PGR, a expectativa é que o ministro possa pedir a abertura de inquérito contra Moro e Dallagnol. Desse modo, o advogado seria chamado novamente a prestar depoimento, para esclarecer as ameaças e perseguições, além da prática de extorsão envolvendo os ex-integrantes da Lava Jato.