Política não é guerra

Haddad: meios de comunicação querem comparar coisas incomparáveis

Questionado se a violência seria cometida também por petistas, pré-candidato ao governo de SP afirmou que PT não prega agressão. “Antídoto a essa política de guerra introduzida no Brasil”

Reprodução/Youtube/Rede TV!
Reprodução/Youtube/Rede TV!
“As coisas estão passando do limite, por provocação daquele que ocupa a presidência da República", voltou a alertar Fernando Haddad, agora na RedeTV!

São Paulo – “As coisas estão passando do limite, por provocação daquele que ocupa a presidência da República”, declarou o ex-prefeito de São Paulo e pré-candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, em entrevista à RedeTV! nesta segunda-feira (11). Em referência ao crime político cometido por um apoiador de Jair Bolsonaro contra um militante do PT e questionado se a violência seria praticada também pelo lado petista, ele afirmou que “está havendo da parte dos meios de comunicação uma vontade de equiparar coisas incomparáveis.”

Haddad lembrou ataques como à caravana de Lula no Paraná, em 2018, que foi atingida por dois tiros. Mencionou o assassinato de Marcelo Arruda neste fim de semana e a declaração de Jair Bolsonaro, na semana passada, quando o mandatário fez uma exortação estranha num contexto eleitoral. “Você sabe o que está em jogo, você sabe como deve se preparar. Não para um novo Capitólio, ninguém quer invadir nada. Nós sabemos o que temos que fazer antes das eleições”, disse Bolsonaro, em sua live semanal das quintas-feiras.

“Quando (Bolsonaro) disse ‘nós sabemos o que fazer antes das eleições’, o Capitólio é um lugar onde cinco pessoas morreram porque não aceitaram o resultado das eleições. Esse tipo de incitamento acaba gerando tragédia pelo exemplo, pela inspiração”, afirmou Haddad.

“Não aceite provocação”

“Toda nossa pregação vai no sentido oposto: queremos respeito às urnas, às autoridades competentes para presidir o processo eleitoral. Respeito ao eleitor e às eleições livres. O PT nunca colocou em dúvida a justiça eleitoral. São procedimentos democráticos necessários para a manutenção da paz”, acrescentou. Haddad dirigiu ainda um pedido à militância: “Não aceite provocação. Conte com a autoridade policial. O que alimenta o bolsonarismo é o tumulto, é o conflito. A paz vira um antídoto a essa política de guerra introduzida no Brasil.”

Também hoje, outras lideranças lembraram aliados de Bolsonaro e seu filho Eduardo, como disseminadores da violência. “Tão canalha como Bolsonaro é a declaração de Mourão, querendo banalizar o ocorrido em Foz de Iguaçu, como se fosse mais um crime comum, ‘alguém que extravasou’.  Foi um crime político, fruto do ódio e violência pregados pela extrema direita da qual o vice presidente faz parte”, escreveu o deputados federal Ivan Valente (Psol-SP) nas redes sociais, a respeito de comentário do vice-presidente Hamilton Mourão sobre o crime de Foz do Iguaçu.

“A sanha armamentista”

“No mesmo dia em que um pai de família é assassinado na frente dos filhos por se posicionar a favor de Lula, Eduardo Bolsonaro comemora seu aniversário com um bolo de arma e munição. Nada constrange a sanha armamentista e a sede de sangue desses ‘cidadãos de bem'”, postou o deputado Alexandre Padilha.

A porta-voz da Rede Sustentabilidade, Heloisa Helena, escreveu no Twitter: “Desenhando para os fanáticos, estejam eles onde estiverem: Incentivar violência é para covardes, praticar violência é para bandidos, se alimentar politicamente dessas práticas é vergonhoso e repugnante.”

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que vai propor representação ao Tribunal Superior Eleitoral “para responsabilizar Jair Bolsonaro por discursos de ódio e incitação à violência.”