Governistas cochilam e oposição consegue convocar Palocci para se explicar na Câmara

Em votação simbólica, Comissão de Agricultura aprova convocação do ministro-chefe da Casa Civil

A data da convocação proposta pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ainda não foi determinada (Foto: Díogenes Santos/ Agência Câmara)

Matéria atualizada às 16:25

São Paulo – A oposição ao governo federal conseguiu aprovar a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, à Comissão de Agriculura da Câmara dos Deputados. O objetivo dos parlamentares é questionar o ministro a respeito das denúncia sobre o aumento de seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos. A convocação foi proposta pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). A data da convocação ainda não foi determinada.

Por se tratar de uma convocação e não de um convite, Palocci fica obrigado a comparecer no dia estabelecido. A convocação foi aprovada por votação simbólica. O presidente da comissão, deputado Lira Maia (DEM-PA), pediu que os parlamentares favoráveis à matéria permanecessem como estavam, cabendo aos contrários se manifestar.

Após o “cochilo” que permitiu que o requerimento fosse colocado em votação, deputados da base aliada do governo tentaram barrar a convocação pedindo a verificação de quórum. Mas o regimento impedia a manobra naquele momento.

A tática de esperar algum “cochilo” nas comissões para convocar Palocci já havia sido anunciada pela oposição na semana passada. Mas nas primeiras tentativas, a oposição não obteve sucesso, em função de uma ‘operação abafa’ realizada pelo governo.

Lorenzoni negou que, com o pedido em uma comissão dedicada a questões rurais, estivesse em curso um esforço para convocar Palocci a qualquer preço. “Segundo listagem amplamente divulgada pelos sites de imprensa, entre as inúmeras empresas que se utilizaram de consultorias da Projeto, encontram-se algumas do ramo agroindustrial, quais sejam, Sadia Holding e Vinícola Aurora”, explicou no requerimento.

O parlamentar defendeu ainda que a comissão se aprofunde no tema para avaliar eventual favorecimento em razão da posição política ocupada pelo ministro da Casa Civil.

Governistas e Ministro tentam reverter

Alguma horas após manobra da oposição, deputados da base aliada apresentaram ao presidente da Câmara, Marco Maia, um questionamento sobre a decisão.

O ministro de Relações Institucionais, Luis Sérgio, caracterizou como um “golpe” a convocação. “A presidência da comissão agiu de forma antirregimental e a base vai recorrer dessa decisão. Não se pode colocar em votação e declarar o resultado sem sequer dar tempo para que os que se posicionavam contrariamente levantassem os braços. Isso foi um golpe e não aceitamos”, afirmou, após participar de reunião do Conselho Político com a presidenta Dilma Rousseff e líderes da base aliada, no Palácio do Planalto.

Sobre o aparente temor dos petistas em expôr o Ministro da Casa Civil, Luis Sérgio afirmou que Palocci já está dando explicações o suficiente para os órgãos competentes. “Não existe nenhum receio, Palocci está muito seguro da sua situação nas questões jurídicas e legais. Foram prestadas as contas e entendemos que o que precisava ser feito, foi feito. A oposição busca criar uma crise onde não existe”, explicou.

No Senado, alertas

Se na Câmara a oposição aproveitou a deixa da base, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado os governistas mostraram-se mais atentos. Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente da comissão, adiou pela segunda vez a votação de requerimentos que pedem a convocação de Palocci.

Na reunião da semana passada, quando os líderes do PSDB, Álvaro Dias (PR) e do P-SOL, Randolfe Rodrigues (PA), apresentaram os requerimentos, Eunício prometeu colocá-los em votação na sessão desta quarta. No entanto, por causa do almoço da bancada do PMDB no Senado com a presidenta Dilma Rousseff, Eunício decidiu marcar a votação para a próxima semana.

A promessa de votar o tema na próxima reunião foi repetida, incluindo ainda outro requerimento, de autoria do líder do DEM, Demóstenes Torres (GO), de convite do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda. A ideia é que Hereda fale aos senadores sobre as novas denúncias envolvendo a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa enquanto Palocci era ministro da Fazenda.

Com informações da Agência Câmara