Conselho de Administração

Gleisi afirma que ministro faz ‘estelionato eleitoral’ ao mudar nomes de conselho da Petrobras

Ministro das Minas e Energia provoca crise ao indicar nomes ligados ao bolsonarismo e ao mercado para o Conselho de Administração da estatal

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Alexandre Silveira, do PSD de Gilberto Kassab, desagrada o Planalto ao indicar nomes para lista de conselho de estatal

São Paulo – A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, entrou em embate com o ministro das Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira após alterações feitas por ele em indicações para o Conselho de Administração da Petrobras. No início da semana. Silveira indicou nomes incompatíveis com as novas diretrizes do governo Lula para a gestão da empresa, além de excluir dois próximos ao governo. “Ele é o ministro de Minas e Energia. Ele não pode colocar conselheiro que seja contra o que o presidente falou na campanha. Estelionato eleitoral não pode”, protestou Gleisi.

O princípio de crise põe em xeque a nomeação Alexandre Silveira – da cota do PSD de Gilberto Kassab no ministério. Isso porque ele suprimiu da lista a ser submetido à assembleia de acionistas da Petrobras nomes indicados pelo atual presidente da empresa Jean Paul Prates. São eles o economista Eduardo Moreira e o empresário Josué Gomes, presidente da Fiesp.

Por outro lado, o ministro indicou o próprio Prates, Carlos Eduardo Turchetto Santos, Vitor Eduardo de Almeida Saback, Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Wagner Granja Victer – nome sugerido pela ministra Esther Dweck, do Orçamento. Mas apresentou Pietro Adamo Sampaio Mendes para a presidência do Conselho de Administração. Mendes ocupa a Secretaria de Petróleo e Gás do MME e foi secretário do ministério no governo Jair Bolsonaro.

Ou sejam, está alinhado com a política de gestão da Petrobras que o governo quer mudar. Desde a forma de distribuição de dividendos à política de preços dos combustíveis. Assim, Silveira é acusado de descumprir acordo com indicações que contrariam expectativas do governo e do presidente da companhia. Isso vai ser um problema do ministro”, completou Gleisi Hoffmann.

“Nomes ligados ao bolsonarismo”

Em nota na segunda-feira (2), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que vê a situação “com preocupação”. Classificou a lista de Silveira como formada por “nomes ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações”, na nota assinada pelo seu coordenador-geral da entidade, Deyvid Bacelar.

A FUP acrescentou que a composição do conselho indica que haverá “obstáculos para o cumprimento de programa de governo do presidente Lula, que inclui mudanças na política de preços de combustíveis, na sistemática de dividendos da Petrobrás e fim das privatizações na companhia”.

O desconforto causado por Silveira no comando do MME não se resume ao Conselho da Petrobras. Em janeiro, o nme de Bruno Eustáquio para Secretaria Executiva do ministério teve veto de Rui Costa, da Casa Civil. Embora servidor de carreira, Eustáquio foi secretário- executivo na Infraestrutura.

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