Brasília

Gilberto Carvalho afirma que convocação pela Câmara ‘não é o fim do mundo’

Ministro da Secretaria Geral atenua significado de requerimento aprovado em meio a crise provocada pelo PMDB e diz que monitoramento do trabalho do Executivo é prerrogativa do Congresso

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Carvalho afirmou que pretende fazer da convocação uma oportunidade pela aprovação de projeto

Brasília – O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, preferiu atenuar a importância da aprovação, pela Câmara, de três requerimentos de convocação para que preste esclarecimentos sobre “uso político” da pasta e sobre a repressão promovida pela Polícia Militar do Distrito Federal a uma manifestação de sem-terra na Esplanada dos Ministérios.

“Nós precisamos aprender que na política você não pode considerar o momento isolado. Você tem momentos de mais e menos tensão. Não é o fim de mundo, não é fora da normalidade, está nas prerrogativas do Congresso. Quais as razões dessa convocação não me cabe especular, o que me cabe é ir lá como ministro, como servidor público, com humildade e camaradagem, explicar com transparência as questões que me forem perguntadas”, afirmou Carvalho após participar de um debate com representantes de organizações não governamentais em Brasília.

A convocação do ministro foi aprovada por duas comissões. A de Segurança votou dois requerimentos contra ele. Uma dizendo respeito à formulação de dossiês apócrifos que serviriam ao propósito de difundir denúncias contra opositores do PT, e outra para que comente por que criticou a atuação policial durante ato do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no mês passado em Brasília. Já a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle quer saber sobre contratos firmados entre ONGs e a secretaria.

Os requerimentos foram parte de uma ofensiva de partidos da base aliada, capitaneados pelo PMDB, para retaliar Dilma Rousseff. Hoje a sigla conseguiu aprovar a convocação de quatro ministros e o envio de convites a outros seis, além da presidenta da Petrobras, Graça Foster. Na véspera, o partido conseguiu garantir em plenário a aprovação de uma investigação sobre a estatal da área de petróleo, acusada de irregularidade nas relações com uma empresa holandesa.

Além disso, a bancada peemedebista na Câmara emitiu nota informando que a partir de agora terá postura de independência em relação ao Palácio do Planalto e fechando posição com o líder, Eduardo Cunha. A reação é uma retaliação à tentativa de Dilma de isolar Cunha, que cobrava mais um ministério para seu partido.

Publicamente, Carvalho trabalhou para expor a ideia de que a convocação não é um incômodo, mas uma oportunidade. “Acho que devo aproveitar essa convocação para pedir ao parlamentares que nos ajudem a aprovar o Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil porque parte dessas irregularidades cometidas deve-se a alguns vácuos na lei ou muita burocracia”, afirmou. “Estou absolutamente à disposição do Congresso acho que isso é parte do jogo democrático, é papel do Congresso fazer acompanhamento. Em que pese ter havido erro de algumas entidades, a grande maioria faz exatamente o contrário: faz o bem para o país sem receber um tostão de dinheiro público. É um setor que todos os brasileiros deveriam admirar.”

Também presente ao encontro, o ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, manteve a mesma postura. Ao comentar a decisão de investigar a Petrobras, ele afirmou que os parlamentares deveriam ter razões para ir à Holanda saber mais sobre o caso. “Na minha avaliação seria desnecessário, uma vez que o governo já está tomando todas as providências. Já há uma investigação em andamento, a CGU está acompanhando e já solicitamos cooperação internacional com a Holanda.”

Foi a mesma postura mantida pela empresa ao comentar a convocação de Graça Foster e a abertura da comissão externa. “A Petrobras reitera que, em meados de fevereiro, criou uma comissão interna de alto nível para investigar as supostas denúncias de irregularidades em contratos com a empresa SBM. Na ocasião da criação da comissão, a Petrobras tornou pública sua decisão. A Petrobras aguarda a conclusão das apurações para qualquer manifestação a respeito.”