Frear o golpismo

Genoino defende estruturação de uma política nacional de defesa

À Rádio Brasil Atual, Genoino diz que política discutida com a sociedade é passo contra tentativa de tutela das Forças Armadas sobre governo

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Para Genoíno, demissão do comandante Júlio Cesar de Arruda rompeu com continuidade

São Paulo – O ex-deputado federal José Genoino defendeu hoje (23) a estruturação de uma política nacional de Defesa. Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, Genoino, ex-assessor do Ministério da Defesa no governo Dilma Rousseff, disse que esta seria uma das medidas mais adequadas após a demissão do comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda no sábado (21), que ele chamou de “fim da transição nas Forças Armadas”, onde havia uma “continuação”.

“As Forças Armadas queriam impor tutela abertamente controladora do governo Lula. Se o governo não tomasse essa decisão, seria governado por ela. Foi uma decisão importante que terá de ter consequências”, disse.

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Para Genoino, há necessidade de uma “despolitização” das Forças Armadas. Na sua avaliação, há ali “uma bagunça” na questão do respeito à hierarquia. Ou seja, ao comando supremo, no caso, o presidente da República. “Esses comandantes, quando tomaram posse, não foi perante o Lula. Há hoje uma direita legalista, da qual faz parte o general Tomas (Tomás Miguel Ribeiro Paiva, substituto do general Arrruda no comando do Exército), e uma direita violenta que quer melar o jogo”, afirmou.

“Acho que a gente vai ter de definir os elementos de uma política nacional de defesa, coisa que não existe hoje no país. É uma política pública, discutida por todos. Isso tem influência na formação dos militares, para diminuir o espírito de casta dentro das Forças Armadas. Eles acham que estão acima de tudo e de todos, com um grau de autonomia muito grande. Basta ver o que eles fizeram na pandemia”, disse.


Confira a íntegra da entrevista de Genoino à Rádio Brasil Atual

Para Genoino, a intentona fracassada de 8 de janeiro, que deixou destruída parte do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal abriu uma janela de oportunidades para reformas que não pode ser desperdiçada. E que não há dúvidas quanto às digitais dos militares em todo esse episódio ao facilitarem a ação dos vândalos, ao dificultarem a prisão e demonstrarem a proteção aos bolsonaristas ainda nos acampamentos.

“Acho que eles queriam dar um golpe e isso (demissão do comandante do Exército) não pode parar por aí. É uma travessia que começou e precisamos do movimento dos movimentos sociais para respaldar o governo na punição, que é necessária. Quando não se pune, o passado fica recalcado e volta com força.”