NARRATIVA

Fake news são usadas como ‘ouriço tcheco’ no segundo turno, diz Pedro Barciela

Pedro Barciela, analista de redes sociais, usou equipamento da Segunda Guerra para ilustrar que notícias falsas visam muito mais conter avanço de repercussão negativa do que o convencimento. Ele participou no programa Revista Brasil TVT

(pixabay/pixel2013)
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O veículo alegou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interferiu diretamente em um empréstimo da Comunidade Andina de Fomento (CAF)

O analista de redes sociais Pedro Barciela usou um equipamento da Segunda Guerra Mundial para ilustrar o papel das fake news no segundo turno das eleições deste ano. Em participação no programa Revista Brasil TVT, da Rede TVT, Barciela explicou que o objetivo das notícias falsas é muito mais conter avanço de repercussão negativa contra um candidato do que o convencimento sobre determinado assunto. O analista destaca, também, como está se dando a ação do campo antibolsonarista nas redes sociais.

“Havia um objeto na Segunda Guerra, chamava ouriço tcheco, que impede o trânsito de tanques, de carros de guerra, do exército no campo de batalha. As fake news nesse segundo turno estão cumprindo um papel muito próximo disso. O de interditar o debate nas redes sociais. Um exemplo muito específico é que depois do comportamento dos bolsonaristas em Aparecida do Norte, vimos um pico de menções ao termo ‘bolsonarista’. O pico ultrapassa as menções a ‘Jair Bolsonaro’ em algumas horas do dia. Em sequência, o bolsonarismo apela para aquela fake news do complexo, do boné do ex-presidente Lula, justamente como uma forma de mudar a pauta”, falou Pedro Barciela.

Ele acrescenta que o objetivo do uso de notícias falsas não é necessariamente convencer alguém. “Tenho minhas dúvidas se a fake news do complexo, de fato, tentou fazer algo para convencer alguém. É mal feita. O objetivo era muito mais fazer a comunidade (antibolsonarista) se defender. Havia um movimento de informações pautando o debate sobre o presidente Lula, eles tiveram que sair daquilo para se defender, explicar que CPX era ‘complexo'”.

Energia caótica

Pedro Barciela diferencia a atuação dos campos bolsonarista e antibolsonarista nas redes sociais e explica como o discurso de contraposição à narrativa ligada ao presidente consegue chegar em espaços dominados por ele. “O bolsonarismo é um campo formado a partir da filiação ideológica, composto por usuários que têm uma ideologia intrínseca àquele agrupamento. Tem comportamento muito mais organizado, coeso, então consegue promover uma pauta específica. O antibolsonarismo não tem por característica essa filiação ideológica. Então, nesses últimos dias, temos desde a Sofia Mazano até o suplente do Flávio Bolsonaro declarando apoio ao ex-presidente Lula. É uma energia caótica. Por outro lado, vai permitir também que muitas vezes o campo antibolsonarista se expanda e dialogue com outros usuários, outros atores que não estão realmente presos à polarização.”

Avanço contra o império

Numa análise de um cluster com dados do campo antibolsonarista no Twitter, Barciela mostra como a atuação desse grupo chega em terreno dominado pelo adversário. “Entender esse campo como um cluster antibolsonarista (e não petista) é essencial para assimilar o fato de que parte significativa dos movimentos deste cluster não passam, necessariamente, por decisões e estratégias unificadas de campanha. Assim, a atuação de atores como (Felipe) Neto e (André) Janones impõe um limite para a narrativa bolsonarista de que ‘são os petistas’ que estão atacando Bolsonaro. Daqui parte o desespero bolsonarista para tentar interditar judicialmente a atuação destes usuários na reta final. O André Janones atua ainda em outra rede na qual o bolsonarismo impera: Facebook. Nas últimas 24h, apenas ele conseguiu se contrapor com destaque às publicações de Jair Bolsonaro ao denunciar o episódio de pedofilia.”

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