Armadilhas

Ala bolsonarista da PF pode tentar operação para atingir Lula, afirma PT

Dirigentes do PT denunciam ter recebido informação de que setores aparelhados estariam buscando forjar fatos para justificar operações contra Lula e aliados

Marcelo Camargo/ABr
Marcelo Camargo/ABr
A PF trabalha na identificação das vítimas e repressão aos criminosos

São Paulo – Dirigentes do PT afirmam ter recebido a informação de uma possível operação da Polícia Federal para atingir aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a poucos dias do segundo turno das eleições presidenciais. A ameaça foi confirmada pelo coordenador da campanha de Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, em entrevista à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo

Marinho, que também integra a campanha de Lula, afirmou que o partido recebeu informações “de que setores do Estado aparelhados pelo bolsonarismo estariam buscando forjar fatos que justifiquem operações bizarras contra o nosso campo democrático”. Líder nas pesquisas, o ex-presidente disputará o segundo turno, no próximo dia 30, contra o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL). A PF foi procurada pelo veículo, mas não respondeu. 

O alerta soou mais forte nesta semana, após operação da PF, nesta terça-feira (11), contra o governador de Alagoas Paulo Dantas (MDB). Candidato a reeleição, Dantas foi alvo da segunda fase da Operação Edema que investiga suposto desvio de verbas públicas por meio do esquema conhecido como rachadinha, quando um servidor repassa parte ou a íntegra de seu salário em troca de uma parcela de seus vencimentos. 

Operação contra Paulo Dantas

Com base em investigações de 2017, a PF chegou a pedir a prisão do governador. O que não foi acatado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) que determinou o afastamento de Dantas por 180 dias. O emedebista é apoiador de Lula em Alagoas e aliado do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que faz oposição ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) no estado, e também a Bolsonaro. No primeiro turno, Dantas ficou perto de ser reeleito com 46,64% dos votos, contra seu adversário Rodrigo Cunha (União Brasil), que obteve 26,79%. 

Em nota, a coligação MDB, PT, PCdoB, PV, PDT, PSC, Podemos e Solidariedade destacou a tentativa de “golpe” com a operação para derrubar Dantas. “A tentativa de criar alarde perto da confirmação da vitória é fácil de ser desconstruída: foi anunciada por adversários, evidenciando a manipulação da operação policial”, afirmou também o governador. 

Perseguição em 2018

A estratégia de atingir aliados de Lula também foi empregada contra o PT no primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. No pleito, disputado por Haddad (PT) contra Bolsonaro, o então juiz Sergio Moro, que se tornou ministro da Justiça no governo Bolsonaro, vazou a delação de Antonio Palocci contra Lula, a seis dias do pleito. O que atingiu a campanha do ex-prefeito. 

A delação incluída, no entanto, acabou sendo desmentida dois anos depois pela Justiça. Ela também retirada do processo contra o ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No mesmo ano, ao votar, o ministro Ricardo Lewandowski observou que tudo indicava que Moro queria criar fato político às vésperas da eleição. A análise foi confirmada pelo também ministro Gilmar Mendes que ainda acrescentou que o ex-juiz demorou em divulgar o acordo com objetivo de “gerar verdadeiro fato político na semana que antecedia o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018”. 

De acordo com o ex-prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Luiz Marinho, o PT já estuda “medidas judiciais para evitar essa violência contra a democracia”.