Para ex-presidente, Dilma é ‘infinitamente melhor’ do que ele esperava

Lula também cita tentativa de golpe, defende gestão e garante que projeto do Memorial da Democracia, criticado por parte dos vereadores paulistanos, 'não será a visão do PT'

Ex-presidente Lula exibe título de cidadão paulistano, recebido na Câmara dos Vereadores da capital (Foto: Ricardo Stuckert)

São Paulo – Durante cerimônia em que recebeu o título de cidadão paulistano, na Câmara dos Vereadores da capital, na noite da segunda-feira (21), uma inusitada homenagem do vereador paulistano Agnaldo Timóteo (PR), que cantou uma música para Lula, fez o ex-presidente lembrar um período crítico de seu primeiro mandato, entre 2005 e 2006, “quando o PT era mais atacado do que é hoje”. Foi um momento, segundo Lula, “que tentaram dar um golpe no governo”.

O ex-presidente aproveitou para brincar com o vereador-cantor, convidando-o a se filiar ao PT, “com essa roupa vermelha” – Agnaldo trajava um vistoso blazer vermelho. E agradeceu aos movimentos sociais pelo apoio demonstrado no momento mais difícil de seu governo. “Eles hoje não admitem, porque foram pegos de surpresa”, afirmou Lula, sem dar nomes, mas citando a “elite brasileira”.

Segundo o ex-presidente, a diferença entre ele e outros ex-mandatários está nas origens. “Os outros não vieram de onde a gente veio. Governar este país para 35% da população é baba. Agora, fazer pobre andar de avião, comprar carro novo, é difícil.”

Lula também afirmou que sua sucessora, Dilma Rousseff, tem superado as expectativas. “Ela tem todas as condições de terminar seu mandato fazendo mais e melhor do que fizemos. Ela é infinitamente melhor do que eu imaginava que ela fosse.”

Ele também aproveitou para defender o projeto do Memorial da Democracia, que será instalado em uma área cedida pela prefeitura na chamada “cracolândia”, na região central de São Paulo. Parte da Câmara foi contra a proposta de cessão do terreno. “Respeito os vereadores que tiveram dúvidas. Mas não queremos que seja a visão da democracia do PT”, afirmou Lula, acrescentando que irá convocar universidades, partidos e outros agentes para participar do projeto – que também tem como objetivo mostrar “o povo brasileiro como ator da luta política”. “Queremos mostrar a história verdadeira e uma parte que não está contada.”