Diálogo

Em reunião com governadores, Lula defende ‘comportamento civilizado’ na política do país

Presidente afirmou que o BNDES voltará a ser um banco de desenvolvimento, emprestando aos governadores, assim como o Banco do Nordeste

Ricardo Stuckert / PR
Ricardo Stuckert / PR
"É preciso acabar com as ofensas que muita gente sofre no aeroporto, no shopping, no restaurante", disse Lula

São Paulo – Em reunião com os 27 governadores, ministros de seu gabinete e líderes da base no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (27), que pretende instituir “uma nova relação entre os entes federados e o governo”. Segundo ele, “conversar, reivindicar e se queixar não é proibido”. Acrescentou que o país precisa de um “comportamento civilizado” na relação entre o Executivo federal e os estaduais. Após a fala de Lula, a transmissão pública do evento foi encerrada.

“Governar de forma civilizada é importante para encontrar a paz”, disse Lula. Um dos objetivos do encontro de hoje é “mostrar que o que aconteceu dia 8 (de janeiro) não voltará a acontecer, não é próprio da democracia”, em suas palavras.

Depois do encontro, haveria almoço com governadores e ministros. Estão convidados também os presidente do Congresso Nacional e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) – que participou da reunião no Planalto –, da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber. Esse é o segundo evento em que Lula reúne os governadores no Planalto. O primeiro foi no próprio edifício sede do Executivo no dia 9, o seguinte ao ataque golpista a Brasília por bolsonaristas.

Lula prometeu ouvir o que os governadores consideram “prioritário” para cada estado, embora reconhecesse que nem a União nem os entes federados têm o orçamento que desejavam. Ele agradeceu também ao Congresso Nacional por ter aprovado a chamada PEC da Transição, que possibilita que o governo implemente as políticas de início de mandato.

“Essa PEC vai nos permitir fôlego para cumprir os compromissos sociais que tínhamos assumido durante a campanha. Mas nós sabemos que tem obra que vocês também consideram prioritárias”, disse Lula. 

“Nós começamos a governar o Brasil antes de tomar posse, porque tivemos que articular uma PEC por conta de complementação do orçamento do ex-presidente, que não tinha colocado dinheiro suficiente para pagar as coisas que já tinha compromisso de pagar”, acrescentou.

BNDES e Banco do Nordeste

Mais do que discurso, Lula apresentou o que considera uma proposta concreta para estabelecer uma relação produtiva com os governadores, fazendo “com que o BNDES volte a ser um banco de desenvolvimento, e, se for necessário, possa emprestar dinheiro para os governadores implementarem obras”.

Ele acenou também para a parceria com os governadores nordestinos, dizendo que pretende incentivar e garantir que o Banco do Nordeste volte a emprestar dinheiro para governadores, “se o governador tiver as contas em ordem e possibilidade de endividamento”.

Diálogo entre Lula e governadores

“Não há por parte do presidente e do vice-presidente (Geraldo Alckmin) nenhum veto a quem queira conversar”, afirmou. “A porta estará aberta a todos que tiverem uma demanda para discutir. Governar de forma civilizada é importante para encontrar a paz. Mostrar que o que aconteceu dia 8 não voltará a acontecer, (porque) não é próprio da democracia.”

Lula voltou também a dizer que “o Brasil precisa voltar à normalidade”. É preciso, continuou, “acabar com as ofensas que muita gente sofre no aeroporto, no shopping, no restaurante. Esse país nunca foi assim”. Lula disse que se propõe à missão de ajudar a “tornar a política brasileira mais civilizada, mais humanista, mais democrática e mais solidária”.

Agressor de Zanin identificado

No dia 11, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, foi ameaçado no aeroporto de Brasília com injúrias dirigidas a ele por um homem que gravou a própria agressão, se autodenunciando. O criminoso já foi identificado e indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal por três crimes. Luiz Carlos Basseto Júnior responderá por ameaça, injúria e incitação ao crime. Ao atacar Zanin, o agressor estava no local fazendo uma conexão para Miami, nos Estados Unidos.

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