Quarto colégio eleitoral

Eleição na Bahia deve ir para segundo turno após Lula entrar na campanha e ACM Neto dizer que é ‘pardo’

A diferença entre o ex-prefeito de Salvador e o ex-secretário de Educação caiu de 38 para 17 pontos percentuais

Secom (Salvador) e Divulgação (PT)
Secom (Salvador) e Divulgação (PT)
ACM Neto se autodeclarou pardo e perdeu pontos, enquanto Jerônimo ganhou reforço de Lula

São Paulo – A eleição para o governo da Bahia – quarto maior colégio eleitoral do país – aponta para uma reviravolta, e a tendência já é de segundo turno. Há cerca de um mês, o pleito parecia decidido em favor de ACM Neto (União Brasil), que em 24 de agosto tinha 54%, ante 16% de Jerônimo Rodrigues (PT), segundo o Datafolha. Quatro semanas depois, com apoio de Lula, entre outros fatores, a diferença caiu de 38 pontos percentuais para 17. O petista desponta com 31% e o ex-prefeito de Salvador tem 48% no estudo divulgado ontem (21).

Ex-secretário estadual de Educação, Jerônimo começou a ascensão a partir do início da campanha, quando passou a ser chamado de “candidato de Lula”.  O ex-presidente tem mais de 62% das intenções de voto na Bahia contra apenas 20% de Jair Bolsonaro, segundo o Datafolha.

Fora o “fator Lula”, a mudança do cenário teve a contribuição de uma punição da Justiça Eleitoral à coligação de ACM Neto, que suspendeu tempo de sua propaganda de rádio e TV , e uma polêmica envolvendo o candidato, depois que veio a público que ele se declarou “pardo”.  O neto de ACM já havia feito essa autodeclaração na eleição para a Prefeitura de Salvador em 2016.

“Eu me considero pardo”

Mas em 2022 a questão ganhou contornos de polêmica depois de uma entrevista de ACM Neto à TV Bahia na semana passada. “Eu me considero pardo. Você pode me colocar ao lado de uma pessoa branca, há uma diferença bem grande. Negro, não. Não diria isso, jamais”, disse ele na entrevista. Quase 80% da população baiana se declara negra.

Questionado e informado de que, pelos critérios do IBGE, pardos e pretos são considerados negros, ACM Neto respondeu: “Então é erro do IBGE, não é meu. Simplesmente isso”.

Com essa soma de fatores, a eleição que parecia ganha começa a escorrer pelos dedos do neto de Antônio Carlos Magalhães. Um dos maiores coronéis do Nordeste, Antônio Carlos Magalhães reinou no governo da Bahia desde a ditadura até 1994, mas a Bahia passou a ser reduto do PT, que governa o estado desde 2007.

Quarto colégio eleitoral do Brasil, com 11,3 milhões de eleitores, a Bahia fica atrás apenas de São Paulo (34,7 milhões), Minas Gerais (16,3 milhões) e Rio de Janeiro (12,8 milhões), o que corresponde a 7,22% do país. 

Senado

De acordo com o Datafolha, o candidato à reeleição Otto Alencar (PSD) lidera a corrida pela vaga ao Senado com 41%. O deputado federal Cacá Leão (PP) vem em segundo, com 19%. A bolsonarista Raíssa Soares (PL) está com 7%, seguida por Cícero Araújo (PCO), com 3%, Tâmara Azevedo (Psol) e Marcelo Barreto Luz para Todos (PMN), ambos com 3%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BA-07738/2022.

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