Lula lança Jerônimo Rodrigues ao governo da Bahia em chapa com Otto Alencar ao Senado
Ex-presidente participou de ato em Salvador e pediu voto também para o Legislativo: “Não adianta votar em presidente, governador, e votar em deputado do outro lado”
Publicado 31/03/2022 - 19h48
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quinta-feira (31) do lançamento das pré-candidaturas a governador e senador pela Bahia. O secretário estadual de Saúde Jerônimo Rodrigues (PT) é o nome para o governo estadual, tendo como vice o presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Júnior (MDB). A escolha é estratégica: o vereador é aliado do ex-prefeito da capital baiana ACM Neto, também pré-candidato ao governo. Otto Alencar (PSD) disputará a vaga ao Senado, onde atualmente já exerce mandato e foi destaque na CPI da Covid em 2021.
Em seu discurso, Lula pediu o voto não apenas nos candidatos da chapa e destacou a importância da eleição para o parlamento. “Pois não adianta votar em presidente, governador, e votar em deputado do outro lado. Todos têm que explicar, para que o povo saiba que não pode votar na raposa pra tomar conta do galinheiro. A mesma coisa para senador. Então, não pode votar em senador que defende orçamento secreto. Ou seja, a gente vai ter que ser mais cuidadoso e pesquisar quem é quem, porque não pode se enganar”, disse.
Ele ressalvou que ainda não decidiu ser candidato, mas afirmou: “Eles se preparem, porque vamos ganhar sem distribuir armas, e voltar a governar este país”. Dirigindo-se ao candidato Jerônimo Rodrigues, aconselhou: “Comece colocando os pobres no orçamento”. Continuou dizendo que “é preciso inverter a lógica econômica que a universidade ensina”, o que significa, por exemplo, que “o filho do pobre tenha a mesma oportunidade que o filho do rico para estudar”.
Gasolina e Ucrânia
Lula também disse que “ninguém deve acreditar que a gasolina está cara por causa da guerra da Ucrânia”. Lembrou que o Brasil deixou de investir em refinarias e a da Bahia, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), foi vendida. Se o país tivesse investido e construído três ou quatro novas refinarias, “estaria exportando gasolina”. “E se a gente importa em dólar, o preço (pago pelo consumidor) é em dólar.” Segundo lula, se o país vender a Eletrobras “nunca mais vai ter o (programa) Luz Para todos. “Duvido que empresário leve a energia de graça”.
Sobre Bolsonaro, afirmou que ele “não sabe governar, só sabe inventar fake news e conta sete mentiras por dia”. A política do governo é destruir, disse. mencionando o Minha Casa Minha Vida, empregos e “reformas” como da CLT e Previdência. “Quando eles falam em reforma, é para destruir”, sublinhou.
Jerônimo Rodrigues e Otto Alencar
Uma pesquisa Genial/Quaest da semana passada trouxe o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) na liderança com 66%. Jerônimo Rodrigues aparece com 4%, mas 82% dizem não conhecê-lo. Ao ser identificado como apoiado por Lula, o petista sobre para 37%, enquanto ACM Neto desce para 43%.
O candidato ao governo estadual reconheceu que seu primeiro trabalho é se apresentar ao eleitor. “As pessoas perguntam quem é Jeronimo”, afirmou. Disse que pretende não deixar que na Bahia aconteça “o mesmo que no Brasil”. “As eleições vão mostrar dois grupos: o grupo do atraso, do ódio, que não tem coragem de assumir o presidente deles, o bolsonarismo, e o grupo de cá, da casa própria, da comida na mesa, do crédito rural”. O lançamento de sua pré-candidatura, disse, é uma “festa da utopia”. “Eu serei o governador da surpresa”, prometeu.
O senador Otto Alencar – que chegou a ser cogitado como candidato a governador – destacou a coerência de sua participação na chapa. Por exemplo, ao ter votado contra o impeachment de Dilma Rousseff com “a consciência de brasileiro que não aceita pressão”. “O golpe não me tirou o norte, lutei contra a reforma da Previdência. A reforma trabalhista precisa ser revista em vários pontos”, disse.
Segundo Otto, Lula “haverá de voltar (à presidência) para não permitir o ataque à democracia. A democracia é o meu partido, a Constituição Federal é o meu respeito”, acrescentou. O senador classificou Jair Bolsonaro como “presidente obtuso e néscio”.
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