Diretora da ONU Mulheres, Bachelet elogia programas sociais do Brasil contra crise

Relatório defendendo equidade de gênero foi entregue à presidenta Dilma Rousseff, em Brasília

São Paulo – A diretora executiva da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento da Mulher – a ONU Mulheres –, Michelle Bachelet, defendeu a importância dos programas sociais de transferência de renda para combater efeitos de crise econômica. Ao entregar a versão em português do relatório Piso de Proteção Social para uma Globalização Equitativa e Inclusiva à presidenta brasileira, Dilma Rousseff, Bachelet reforçou a necessidade de se criar um patamar mínimo de proteção social como forma de promover o desenvolvimento.

O piso é uma proposta adotada pela ONU e pelo G20, grupo dos países mais ricos do planeta. O objetivo é estabelecer um conjunto de políticas de transferência de renda condicionada e combinada ao acesso e frequência a serviços de saúde, educação, saneamento, emprego e habitação. O Bolsa Família, no Brasil, é uma das principais referências desse tipo de iniciativa. A exemplo do que ocorre no país, também em outras partes do mundo, ao reforçar a renda de camadas mais pobres da população, há um estímulo ao crescimento econômico e aumento da coesão social até em contextos de crise internacional, como o atual.

A entrega do relatório foi feita em Brasília, nesta quinta-feira (15). Bachelet lembrou que programas como o Bolsa Família ajudam a reduzir a instabilidade externa ao manter a capacidade de consumo das famílias de baixa renda. “Durante a preparação do relatório, tivemos a oportunidade de comprovar como as políticas de proteção social evitaram o pior da crise econômica, principalmente entre os mais vulneráveis, sustentaram a demanda e impulsionaram a recuperação econômica no Brasil e em vários outros países emergentes”, disse a ex-presidenta do Chile.

Segundo a ONU, 1,4 bilhão de cidadãos do mundo vivem em situação de extrema pobreza. São 2,6 bilhões os que não têm acesso a saneamento e 884 milhões não dispõem de água potável. Quando participou da reunião de cúpula do G20, em Cannes, na França, em novembro, e na abertura da Assembleia Geral da ONU, em setembro, Dilma defendeu a aplicação do piso social e fez críticas a governos de países europeus que apostam em medidas recessivas para superar a crise.

Como parte do problema é a dívida de países ricos, como Itália, Portugal, Grécia e Espanha, os governantes têm levado aos legislativos propostas de corte de salários, redução de aposentadorias e outros direitos. Embora possam reduzir o ritmo de aumento das despesas do setor público a curto prazo, esse tipo de ação tem efeitos negativos sobre a economia, por retirar dinheiro de circulação, atrasando a retomada do crescimento.

Ao lado de Bachelet, Dilma voltou à carga: “O desemprego nos países avançados e a perspectiva de retrocesso nas políticas sociais colocam também, no centro do dia, o piso mínimo de proteção social. Os governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas”. Ela defende que a população não pode ser punida, sofrendo toda a magnitude da crise.

Com informações do Blog do Planalto