Não mexam com Dilma!

Dilma foi a primeira mulher na história a discursar na abertura de uma assembleia geral da ONU (Foto: Roberto Stuckert Filho/Pr) A presidenta Dilma Rousseff fez história nesta quarta-feira (21) […]

Dilma foi a primeira mulher na história a discursar na abertura de uma assembleia geral da ONU (Foto: Roberto Stuckert Filho/Pr)

A presidenta Dilma Rousseff fez história nesta quarta-feira (21) como a primeira mulher a fazer o discurso de abertura da Assembléia Anual da ONU, em Nova York. O discurso consolida a posição de liderança do Brasil no cenário internacional.

O mundo vive momento delicado. As economias mais desenvolvidas passam por dificuldades desde junho de 2007 e, a cada dia, fica mais claro que a crise ainda se prolongará por largo período.

Enquanto o presidente dos EUA, Barack Obama, tenta estimular a economia americana com um grande pacote destinado a criar empregos e abrir discussão sobre imposto extra para milionários do país, a Europa corre o sério risco de fracasso do euro, a moeda única. Com isso, avanços obtidos pela União Européia podem ser desfeitos.

Os países emergentes mantêm o crescimento econômico e a criação de empregos. No caso do Brasil, é parte da receita para continuar a tirar milhões de pessoas da pobreza extrema. Mas essas nações precisam ter cuidado com os desdobramentos econômicos e políticos do que acontece com o que já foi chamado de “primeiro mundo”, porque podem colocar em perigo toda a economia global.

Nesse cenário, o Brasil tem tido êxito ao apostar que diminuir a pobreza e a desigualdade contribuem para garantir crescimento e o nível de empregos. Em 2008, o agravamento da crise internacional derrubou a economia mas, passado o primeiro semestre de 2009, a roda voltou a girar e a economia, a crescer. Em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 7,5%, e milhões de pessoas saíram da pobreza, aumentando a nova classe media surgida no governo Lula.

Em 2011, Dilma promoveu ajustes na área fiscal. A justificativa foi, preservando o crescimento, criar condições para o Banco Central baixar os juros que recaem sobre a dívida brasileira – historicamente a maior do planeta. Até agora tem dado certo. O Brasil cresce, gera empregos, mantém a inflação controlada e pode terminar o ano com taxa de juros de um dígito (só depende do Banco Central).

No plano político, Dilma recebeu do eleitorado um governo com a maior base parlamentar no Congresso de que se tem notícia no Brasil. E tem deixado claro que vai prestigiar essa base, sem transigir com a corrupção em nenhum momento. Ministros denunciados foram chamados a se explicar e, para os que não conseguiram, sobrou o caminho de deixar o governo. Dilma continua prestigiando os partidos políticos e o Congresso, mas deixa claro quem manda no governo.

A oposição, reduzida a um pequeno número de parlamentares e ainda mais encolhida nas idéias, move-se exclusivamente pelo noticiário de cada dia, sem apresentar qualquer alternativa programática ao governo. Para aumentar o desnorteamento oposicionista, Dilma estende a mão a governadores de partidos de oposição, como tem feito com Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, trazendo recursos para obras importantes no estado. Essa conduta acabou por tirar o discurso dos partidos de oposição.

A grande mídia ainda tenta entender como lidar com ela. Dilma deixa clara a defesa da liberdade de expressão, mas não dá muita bola para os jornalões, que começaram batendo nela, para depois aplaudirem o que chamam de “faxina” – as demissões nos ministérios após a revelação dos “mal feitos”, como diz a própria presidenta. Como resultado, a mídia faz alarde contra o governo por qualquer fato, mas é obrigada a aplaudir a atuação de Dilma.

Na verdade, a grande esperança da oposição e da mídia, repousa na possibilidade, cada vez mais remota, de uma briga de Dilma com seu partido ou, pior ainda, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a apoiou e a transformou, de gerente executiva do governo, em fenômeno de voto popular.

Acontece que Dilma e Lula estão cada vez mais afinados. Falam-se com frequência, ao telefone e pessoalmente. Ou seja, o governo vai bem, Dilma conta com grande aprovação e tem Lula na retaguarda, ajudando-a. É um consultor de luxo, especialmente no que diz respeito a apoio popular – ele deixou o cargo com 80% de aprovação pessoal, segundo pesquisas de opinião.

Foi esta Dilma que falou ao mundo nesta quarta em Nova York. A presidenta da sétima economia do mundo, que caminha para ser a quinta maior do planeta. A primeira mulher presidenta do Brasil, que conquistou posições sob o comando de Lula e vai conquistando outras, por méritos próprios. A jovem estudante que enfrentou a ditadura militar e depois chegou ao comando do Palácio do Planalto, que desperta admiração pelo que falou na Assemblaia Geral da ONU. O Brasil de hoje tem muito mais peso do que o Brasil de dez anos atrás.

Assim, não mexam com Dilma!