Da Justiça

CPI vai acabar com ‘alucinação bolsonarista’, diz Flávio Dino. ‘A verdade está do nosso lado’

Em entrevista ao ICL Notícias, ministro da Justiça declarou que outros integrantes do “núcleo político” que arquitetou a tentativa de golpe de 8 de janeiro ainda vão aparecer e fez menção a generais “traidores”

Joedson Alves/Agência Brasil - ICL Noticias/Reprodução TVT
Joedson Alves/Agência Brasil - ICL Noticias/Reprodução TVT
Ministro disse que apuração dos atoes de 8 de janeiro é compromisso de vida: "nenhum fascista, nenhum golpista, ficará impune no Brasil"

São Paulo – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta terça-feira (25) que não teme qualquer desgaste para o governo, diante da iminente instalação da CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro. Nesse sentido, disse que a investigação no Congresso deve agilizar a responsabilização dos próprios parlamentares fascistas que reivindicaram a instalação da CPMI, a quem classificou como fascistas. Além disso, também servirá para colocar fim às “fantasias” e “alucinações” bolsonaristas que tentam culpar o governo pelos episódios ocorridos em 8 de janeiro.

“Sinceramente, não tenho nenhum receio para o governo, para o país, de qualquer composição da CPI. Porque é muito simples: é verdade versus mentira. Quaisquer que sejam os deputados e senadores que lá estejam, é impossível criar base material para as fantasias que eles põem na internet”, disse em entrevista ao ICL Notícias, transmitido pela TVT.

Dino ressaltou que, diferentemente do investigações já em curso, a CPI pode, por exemplo, antecipar a coleta de depoimentos dos envolvidos. “Então, gente que só iria depor daqui três meses, vai depor daqui a semanas. Porque exatamente a CPI tem uma lógica diferente, do ponto de vista legal, do que um inquérito na polícia conduzido pelo Judiciário”.

Do ponto de vista da sua atuação no ministério, Dino afirmou que a determinação do presidente Lula é de que “nenhum fascista, nenhum golpista, ficará impune no Brasil”. E que esse não é apenas um compromisso “de governo”, mas “de vida”. “Nós devemos isso ao Brasil. Nós devemos à nossa pátria, sobretudo aos que virão depois. Que esta gente golpista seja punida, para não ter mais a ousadia de tentar invadir e destruir as sedes dos Poderes e a democracia”.

Participação dos militares

O ministro destacou que as investigações já avançaram contra “executores” e “financiadores” dos atos golpistas. Em julgamento virtual encerrado na noite de ontem (24), o Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus os primeiros 100 denunciados. Hoje, o ministro Alexandre de Moraes já votou a favor do acatamento das denúncias contra outros 200.

No chamado “núcleo político”, disse que o personagem mais notável identificado até o momento é o seu “antecessor”, se referindo ao ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres. “Agora, ele agia sozinho? Claro que não. Óbvio que não. E ele está pagando sozinho, veja a deslealdade dessa gente até entre eles próprios. Outros integrantes do núcleo político vão aparecer, porque eles existiram”, declarou.

Flávio Dino também ressaltou que as investigações também avançam entre os militares. E que o nível hierárquico dos investigados está “subindo”. “Estou falando, sim, de generais, infelizmente, de oficiais, que traíram, são traidores do Brasil. Ficam dizendo que são patriotas, mas são traidores vís. Porque cantam o hino nacional, juraram defender a Pátria, e participaram de uma conspiração. São traidores, e esses traidores vão responder perante o Poder Judiciário”.

Imagens vazadas

O ministro disse ter certeza que as imagens da invasão que CNN Brasil divulgou na semana passada foi um “vazamento bolsonarista”. O propósito desse vazamento, segundo ele, seria para “tumultuar” e fortalecer a “narrativa” de que o próprio governo Lula teria facilitado a invasão. “Eles têm essa alucinação. Eu me preocupo muito, até com a sanidade deles”, ironizou.

“Eles dizem que nós estávamos lá, que sabíamos de tudo. Que nós participamos, planejamos, que havia infiltrados. Cadê os infiltrados? Já temos milhares de horas de gravações reveladas em vários momentos. Cadê os infiltrados, (mostrem) um nome? Realmente é uma desfaçatez, e esse vídeo foi para tentar fortalecer essa alucinação”.

Assista na TVT à integra da entrevista de Flávio Dino ao ICL Notícias