Estado psicológico

Polícia Federal adia depoimento de Anderson Torres, e cresce preocupação no clã Bolsonaro

Advogados de defesa do ex-ministro da Justiça bolsonarista alegaram “estado de saúde delicado” e “piora significativa no quadro depressivo” de Torres

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
A posição de Anderson Torres era classificada como de braço direito de Jair Bolsonaro

São Paulo – A Polícia Federal (PF) adiou o depoimento de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, previsto para segunda segunda-feira (24). A oitiva ocorreria às 14h, mas foi suspensa a pedido dos advogados de defesa, que alegaram “estado de saúde delicado”. O delegado Flávio Reis, que preside o inquérito na PF, deverá marcar nova data. A defesa alega “piora significativa no quadro depressivo” de Torres.

O estado psicológico do ex-ministro “piorou bastante” nos últimos dias, dizem seus advogados. E agravado pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de manter Torres na prisão.

Na quinta-feira (20), Moraes manteve a prisão preventiva de Torres, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no dia dos ataques golpistas. Está preso desde a semana seguinte.

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Torres e a PRF

O novo depoimento faz parte de inquérito que investiga a atuação de Torres e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, quando a corporação promoveu blitze em todo o Nordeste, principalmente nas proximidades de cidades nas quais o então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, havia conseguido vantagem expressiva sobre Bolsonaro no primeiro turno.

No momento dos fatos, no dia 30 de outubro de 2022, Anderson Torres era ministro da Justiça de Bolsonaro. E a PRF, assim como a PF, era subordinada a ele, um dos colaboradores mais próximos do ex-presidente.

A equipe da defesa do preso pediu ao psiquiatra da rede pública, que já acompanha Torres desde sua detenção, para fazer um diagnóstico da atual situação do ex-ministro. Ele foi exonerado pelo governador Ibaneis Rocha, que em seguida foi afastado provisoriamente por determinação do próprio Moraes. O ministro autorizou o retorno de Ibaneis em março.

Viagem suspeita

Torres viajou para Miami na véspera dos atos golpistas, atitude considerada suspeita, inclusive porque ele foi a Orlando, cidade para a qual Bolsonaro também havia ido no dia 30 de dezembro.

Agora, a família Bolsonaro teme que o ex-ministro acabe fazendo uma delação premiada, o que preocupa o clã que defendeu com lealdade, mas o abandonou. O pedido de adiamento do depoimento é, na verdade, avaliado como uma estratégia para ganhar tempo.

Segundo a CNN Brasil, aliados e familiares de Bolsonaro (PL) têm monitorado a “situação emocional” de Torres, ligando frequentemente para a família do ex-ministro, que trocou de advogado recentemente. A defesa que saiu era próxima ao clã Bolsonaro, o que a atual não é, o que preocupa a família do ex-presidente.

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