CPI do Cachoeira: blindagem pode tirar Gurgel e Policarpo de relatório final

Procurador-geral e jornalista da revista 'Veja' estavam no documento original do relator Odair Cunha (PT-MG), que deve recuar por pressão da oposição e de partidos da base

O relator Odair Cunha apresenta hoje a nova versão de seu documento (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Brasília – O relatório da CPI do Cachoeira, que deve ser lido nesta quarta-feira (28), pode apresentar mudanças, com a retirada de nomes inicialmente apontados para indiciamento e investigação. A informação foi dada pelo relator da comissão, deputado federal Odair Cunha (PT-MG), após reunião com outros deputados da base aliada. Ele admitiu que pode retirar do texto “questões não centrais”, como o pedido de investigação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e o pedido de indiciamento do jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja.

“Temas não centrais do nosso relatório podem, sim, ser negociados. Exatamente por isso estou estabelecendo o diálogo com todos os membros da CPI”, afirmou o relator, que ainda pretende conversar com senadores governistas antes da reunião para a leitura do relatório, marcada para as 10h15.

Apesar de admitir a retirada do nome de Gurgel, Odair Cunha disse estar convencido das razões que o levaram a pedir a investigação do procurador-geral, responsável pela interrupção das investigações da Operação Vegas, que monitorou o grupo de Cachoeira em 2009.

Questionado sobre uma possível negociação para a retirada do pedido de indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), Odair Cunha deu indicativos de que essa parte do texto deve ser mantida.

“O ponto central está nas pessoas que foram corrompidas e cooptadas pela organização criminosa. O governador Marconi Perillo está entre esses pontos centrais”.

Questionamentos

O indiciamento de Perillo é questão polêmica não só do ponto de vista político. Além das acusações de que a CPI estaria sendo usada para atingir o PSDB, há questionamentos legais sobre a possibilidade de indiciamento do governador pela comissão.

Em documento entregue na última segunda-feira, advogados do governador citaram liminar que impediu a convocação de Perillo para alegar que ele tampouco pode ser indiciado a pedido da CPI.

Sobre uma possível inclusão no relatório de pedido de indiciamento do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e de outras pessoas que não foram investigadas, Odair Cunha afirmou não ver motivo para mudanças.

“A questão do governador Sergio Cabral é uma conduta, uma ação que não foi investigada pela CPMI. Exatamente por isso não deve ser analisada do ponto de vista de indiciamento ou não”.