Em São Paulo

Conselho de Ética da Assembleia abre processo que pode cassar Mamãe Falei

Deputado Arthur do Val é acusado de quebra de decoro parlamentar por dizer que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”

CC/Alesp
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Se confirmada a cassação, Arthur do Val ficará inelegível por 8 anos

São Paulo – O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou, por unanimidade, nesta sexta-feira (18), a abertura de processo contra o deputado Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei (sem partido). Ele é alvo de 21 representações que pedem a sua cassação por quebra de decoro parlamentar, após falas sexistas contra mulheres ucranianas. O colegiado transformou todas as representações num único processo.

No fim do mês passado, o deputado viajou para a região do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, com a justificativa de prestar ajuda humanitária aos ucranianos. De lá, ele mandou áudio a amigos, que acabou vazando, demonstrando interesse sexual nas mulheres do país. Mamãe Falei confirmou a autenticidade do conteúdo vazado.

Ele chegou a dizer que as ucranianas “são fáceis porque são pobres”. “E eu nem peguei ninguém aqui. Só a sensação de que eu poderia fazer, enfim, já sabem. Já estou comprando minha passagem pro Leste Europeu no ano que vem”, disse Mamãe Falei. 

Em reunião do conselho, o advogado Paulo Bueno fez a defesa prévia de Mamãe Falei. Ele disse que seu cliente estava fora do país, e encontrava-se licenciado quando os fatos ocorreram. Além disso, classificou o vazamento do áudio como “ilegal”. Nesse sentido, ele chegou a pedir o arquivamento do processo.

Mas os deputados decidiram pela admissibilidade da denúncia. Eles alegaram que os parlamentares não deixam de estar investidos de suas funções de representação em razão da territorialidade e do licenciamento temporário.

Próximos passos

De acordo com a presidenta do Conselho de Ética, deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), a próxima reunião do colegiado está marcada para ocorrer após cinco sessões legislativas. Na ocasião, os integrantes do conselho devem escolher o relator do processo. Um dos cotados é o deputado Delegado Olim (PP).

Na sequência, Mamãe Falei terá direito a proceder a defesa de mérito. Aí, então, o relator deve apresentar o parecer, definindo a punição a ser aplicada. Esse parecer será votado pelos integrantes do Conselho e, posteriormente, submetido à deliberação do plenário da Casa. Em caso de confirmação da cassação, Mamãe Falei ficaria inelegível por oito anos.