Com vitória de Fruet, governador Beto Richa é o principal derrotado

Além do novo prefeito, o casal Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo sai fortalecido para a disputa de 2014 pelo governo estadual

Gleisi Hoffmann, do PT, desponta como um dos nomes fortes para 2014, mas é preciso esperar saber se o PDT estará a seu lado (Foto: Wilson Dias/ABr)

Curitiba – Confirmada hoje (28), a vitória de Gustavo Fruet, da Coligação Curitiba Quer Mais (PDT, PV, PT), por mais de 200 mil votos, o equivalente 60,5% dos votos válidos, no Paraná já começam as articulações para 2014, em que ocorrerão eleições presidenciais e para o governo do estado. É quase impossível fazer prognósticos do que ocorrerá daqui a dois anos, mas o resultado desta eleição deixou claro que o governador Beto Richa (PSDB) terá dias difíceis pela frente e terá de meditar muito na longa viagem que fará à China nesta semana.

No período anterior às convenções partidárias, Richa fechou as portas para Fruet, então aliado, que saiu do PSDB para ser candidato pelo PDT em coligação com o PT e o PV. O governador investiu numa coligação com Luciano Ducci (PSB), que foi seu vice na eleição municipal anterior e assumiu quando Richa saiu para ser governador do Estado. Apesar de ter as máquinas da prefeitura e do estado nas mãos, Ducci acabou em terceiro lugar e ficou fora do segundo turno.

Na rodada final, Beto Richa declarou-se neutro, mas liberou assessores próximos a entrarem na campanha de Ratinho Júnior. Para o deputado federal Doutor Rosinha (PT), Richa sai mal desta eleição. “Além de perder em Curitiba, o governador tucano terceirizou candidaturas para outros partidos em cidades como Maringá, Cascavel, Ponta Grossa, em que os resultados também não foram tão bons para ele.” Doutor Rosinha lembra ainda que com a perda de Curitiba e São Paulo, o PSDB é o maior derrotado nas atuais eleições.

Voltando a Curitiba, o principal vencedor é Gustavo Fruet, que mudou de partido, bancou sua candidatura, era dado como derrotado no primeiro turno pelas pesquisas e virou o jogo. O candidato Ratinho Júnior também não ficou mal na foto. Sai de uma eleição majoritária, ainda jovem, aos 31 anos, com cerca de 40% dos votos válidos. Se no começo do segundo turno chegou a apelar para o antipetismo e denúncias de materiais apócrifos para tentar virar o jogo, ao perceber a derrota terminou agindo de maneira civilizada na reta final, inclusive no último debate na TV Globo, que foi morno, apenas com apresentação de propostas por parte dos dois candidatos.

Mas, fora Fruet, o maior vencedor desta eleição paranaense é o casal de ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Com base no Paraná, bancaram a coligação com Fruet contra a posição de muitos integrantes do PT de ter candidatura própria, foram importantes na definição da candidata a vice e colheram resultados importantes também no interior do estado. Mas, desde a época da Convenção do PT, o ministro já sinalizava qual seria a estratégia após a eleição de Fruet. “Gustavo Fruet é uma pessoa que tem disposição para compor uma aliança, não só agora, mas também em 2014…”, afirmou Bernardo, em nota oficial à época.

Parece claro que o apoio atual passou pela promessa de Fruet em nova coligação a favor da candidatura da ministra Gleisi para governadora em 2014. Ainda há outros atores que terão participação importante nesse enredo, como o ex-governador e atual senador Roberto Requião (PMDB), que acabou derrotado junto com Ratinho Júnior no segundo turno, o ex-senador Osmar Dias (chefe político do PDT de Fruet) e o próprio governador Beto Richa. 

Para o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná, Fabricio Tomio, é muito difícil nas próximas eleições Requião não ser candidato ou apoiar alguém próximo. E não dá para ter certeza de que o PDT de Osmar Dias e Fruet estará ao lado do PT. Mas, se ocorrer, a ministra ficaria ainda mais fortalecida. Para o professor, é também necessário analisar o papel dúbio do PSB no estado. Embora tenha saído fortalecido das urnas no País, o partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, não tem uma grande liderança no Paraná e nos últimos anos esteve a reboque do PSDB local. “Pode ser que o Diretório Nacional intervenha e dê uma cara nova ao partido aqui. Em outros locais era apoiado ou apoiava o PT, o que não ocorre aqui”, diz.

É muito cedo para qualquer prognóstico, mas, considerando apenas o resultados destas eleições municipais, dá para prever que as possíveis candidaturas da presidente Dilma à reeleição e de sua ministra, Gleisi, a governadora, saem fortalecidas das urnas no Paraná em 2012.