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Cinco mulheres comandam transição para ‘virar a página’ da Empresa Brasil de Comunicação

Jornalista Kariane Costa, funcionária de carreira, presidirá processo de transição da EBC até composição de nova gestão

Marcelo Camargo/ABr
Marcelo Camargo/ABr
Jornalista Kariane Costa, é concursada da EBC desde 2012. Pimenta fala em tornar empresa referência internacional em comunicação pública

São Paulo – A jornalista Kariane Costa foi empossada nesta segunda-feira (16) como nova presidenta da Empresa Brasil de Comunicação. Kariane comandará um processo de transição da EBC até a composição de uma nova gestão. Outras quatro mulheres foram anunciadas pelo ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom).

Também trabalharão na transição da EBC as jornalistas Rita Freire, presidente do Conselho Curador da EBC cassado após a posse do presidente Michel Temer, Nicole Briones, Flávia Filipini e Juliana Cézar Nunes, também empregada de carreira da empresa.

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Pimenta enfatizou a importância da participação de trabalhadoras e trabalhadores concursados da empresa e de representantes da sociedade, especialistas no setor. Kariane Costa., por exemplo, além de profissional concursada, é representante dos funcionários no no Conselho de Administração (Consad) da EBC. O decreto com sua nomeação está publicado em edição extra do Diário Oficial da União de sexta-feira (13).

Kariane Costa Silva Oliveira tem 41 anos e mais de 18 de atuação como jornalistas. Concursada da EBC desde 2012, foi jornalista da Ouvidoria, repórter do radiojornalismo e finalista em 2018 do prêmio Vladimir Herzog pela reportagem O Povo Venezuelano e a Crise. Ainda pela EBC, foi colaboradora na produção de matérias em espanhol para a Radioagência Nacional. Atuou como colaboradora da Rádio Nacional da Argentina com entradas sobre a situação política e econômica do Brasil. Foi também correspondente e articulista.

Perseguição

A jornalista ela chegou a ter demissão “por justa causa” determinada pela diretoria anterior. Emocionada, ela afirmou que a nomeação é o reconhecimento aos profissionais da casa. Kariane já era representante eleita pelos funcionários no Conselho da EBC e denunciou episódios de assédio à Ouvidoria interna. O processo de demissão foi revertido após pressão dos colegas de empresa, de entidades sindicais e de outros setores da sociedade.

“Fui vítima de uma perseguição covarde, que não encontrava nenhuma base legal. Minha demissão, sem qualquer motivo real, tornou-se possibilidade completa, quase inevitável. Foram semanas, noites mal dormidas, reuniões com advogados. Mas não estava sozinha. Tive apoio amoroso do corpo de funcionários da EBC”, lembrou a agora presidenta da empresa.

transição ebc
Nicole Briones, Flávia Filipini. Rita Freire, Paulo Pimenta, Kariane Costa e Juliana Nunes, na posse do conselho de transição da EBC (Marcelo Camargo/ABr)

Virar a página

“Nós precisamos recuperar o governo como um difusor de informações com credibilidade. Temos uma agência de notícias poderosa que alimenta boa parte da imprensa e precisa ter a segurança de que é uma empresa que não distribui fake news”, disse Paulo Pimenta.

Na cerimônia de posse das indicadas para a transição na EBC, o ministro afirmou como desafio tornar a empresa uma referência internacional em comunicação pública. “Não gosto quando falam que temos de ser uma BBC. Eu quero é que aonde eu vá as pessoas digam para nós: ‘Queremos ser uma EBC’”, ressaltou ao referir-se à empresa pública do Reino Unido, a BBC.

Pimenta vai à Argentina no próximo fim de semana, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Disse que irá visitar as empresas públicas de comunicação do país e anunciar “a nova EBC”, disposta a fortalecer parcerias com a América Latina. O secretário disse ainda que “é hora de virar a página”.

“Não nos interessa em quem cada um votou, votar em A ou B faz parte da democracia, o que nos interessa é de que lado as pessoas estão no compromisso com  a Constituição”, disse.

“O marco que nos divide não é a eleição, o marco que nos divide é o lado que as pessoas ficaram no dia dos atos criminosos contra a democracia”, disse o ministro, em referência aos atos golpistas do dia 8.

Com informações da Agência Brasil e do Brasil de Fato