Em pauta

Jornalistas debatem no Barão de Itararé expectativas sobre a agenda de comunicação do governo Lula

Em live nesta quarta (18), às 17h, Paulo Salvador (TVT, RBA e Rádio Brasil Atual) e Leonardo Attuch (Brasil 247) avaliam medidas para fortalecer as mídias alternativas e a democratização da comunicação

Marcelo Camargo/ABr
Marcelo Camargo/ABr
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, anunciou que criará uma "rede de defesa da verdade" na estrutura do órgão

São Paulo – As possibilidades de mudanças nas políticas de comunicação no terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltam à pauta do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé que promove, nesta quarta-feira (18), um debate sobre como fortalecer os veículos progressistas e lutar pela democratização da comunicação neste novo período que se inicia. 

O cenário será analisado pelo jornalista Paulo Salvador, diretor do núcleo de planejamento editorial da TVTRede Brasil Atual Rádio Brasil Atual, e pelo também comunicador Leonardo Attuch, responsável pelo site Brasil 247. Eles debaterão o que se espera do governo Lula na agenda da comunicação. 

live será transmitida no canal do Barão de Itararé no YouTube e pela TVT, a partir das 17h, sob apresentação da pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luana Bonone, do núcleo do centro no Rio de Janeiro, e pelo jornalista da entidade, Felipe Bianchi. 

O que esperar

O programa desta quarta dará sequência ao debate sobre o tema, iniciado no último dia 11, quando o diretor do Jornal GGN, Luis Nassif, e a ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) Tereza Cruvinel apontaram para o desafio dos veículos progressistas em falar para além da chamada “bolha” e sobre a importância do novo governo federal “mexer no vespeiro” da comunicação social.

O diagnóstico vai na linha das demandas apresentadas em novembro do ano passado. Na ocasião, mais de 80 entidades da sociedade civil e pelo menos 240 jornalistas, pesquisadores e ativistas da área entregaram ao presidente Lula uma carta com medidas e sugestões para as futuras políticas de comunicação do Brasil. 

Entre as estratégias listadas como essenciais para a construção de um país democrático, o documento destaca a regulação das plataformas digitais. Assim como o fortalecimento de mídias alternativas e o enfrentamento da violência contra jornalistas. 

No entanto, diante da continuidade das fake news contra o governo eleito, especialistas também defendem o estabelecimento de uma força-tarefa de combate à desinformação sobre as políticas públicas da União. Desde a semana passada, por exemplo, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a atribuir a Lula responsabilidade pelo aprofundamento da injustiça tributária neste ano. 

Governo Lula é alvo de fake news

Isso porque, os trabalhadores que ganham a partir de R$ 1.903,98 terão descontado 7,5% de imposto de renda. Mas, na verdade, o próprio Bolsonaro tinha conhecimento que, se não corrigisse a tabela do imposto de renda no último ano, aqueles que ganham o equivalente a 1,5 salário mínimo teriam que pagar pelo imposto. O que deve aprofundar a desigualdade tributária no Brasil, segundo levantamento do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) divulgado pela RBA

O governo Lula também foi alvo de outra mentira, dessa vez divulgada inclusive por um veículo da mídia comercial, a Jovem Pan. Na última segunda-feira (16), a emissora pautou, por ao menos 10 minutos, um debate indicando que o governo federal havia reajustado o auxílio-reclusão – pago apenas aos dependentes de segurados do INSS que sejam de baixa renda e estejam cumprindo pena em regime fechado – para R$ 1.754,18. Acréscimo de R$ 500, segundo o veículo. 

Por ser atrelado ao salário mínimo, o benefício, no entanto, também atende ao teto de R$ 1.302. Mas apenas na tarde de ontem (17) a informação foi corrigida pela emissora. “Diante dessa apresentação incorreta e injustificadamente baseada em fontes secundárias, averiguamos após a transmissão a realidade dos fatos diretamente nas fontes oficiais. E, como deve ser feito, no mesmo horário, na mesma programação, e com o mesmo destaque, aliás, com maior destaque, nos dirigimos ao público a fim de nos retratarmos daquilo que foi noticiado. O valor do auxílio-reclusão é único, é o valor do salário mínimo nacional”, assumiu a emissora. 

Secom defende ‘rede da verdade’

O governo Lula, por outro lado, vem anunciando medidas para enfrentar a desinformação. No domingo (15), por exemplo, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, anunciou que criará uma “rede de defesa da verdade” na estrutura do órgão. De acordo com Pimenta, a medida exigirá participação de vários setores da sociedade na luta contra as notícias falsas. 

O ministro fez referência à campanha de desinformação promovida por Bolsonaro e adeptos do bolsonarismo ao longo dos últimos quatro anos e, em especial, durante as eleições no ano passado. “O Brasil assistiu nessa eleição à mais poderosa máquina de desinformação e uso de recursos públicos para eleger um candidato. Mesmo assim Bolsonaro foi derrotado. Mas o bolsonarismo continua ativo e mobilizado nas redes”, advertiu em sua página no Twitter.

“A disputa da narrativa, a verdade contra a mentira, a desconstrução das Fake News, e das teorias mais absurdas e incríveis é uma tarefa complexa e difícil. O mundo se debruça sobre esse fenômeno e busca respostas e soluções que protejam a democracia desta crescente ‘corrosão’. A nova Secom terá uma tarefa importante neste processo”, defendeu.

Anúncio na próxima semana

Segundo Pimenta, o decreto de criação da Secretaria será publicado na próxima terça (24). “Até lá estamos planejando a estrutura e tarefas da comunicação institucional do governo. Paralelo a isso precisamos reativar a rede de ‘defesa da verdade’. A sociedade civil, os influenciadores digitais, os partidos políticos, os movimentos sociais e tantos outros ‘sujeitos’ têm um protagonismo importante e insubstituível nesse processo. Compreender isso e ativar essa ‘força’ organizada é fundamental para a defesa da democracia”, destacou . 

O chefe da Secom completou que o Brasil “não suporta mais o ódio, a intolerância, as mentiras e a violência”. E ressaltou que “a hora é de união e reconstrução”. “Faremos nossa parte e convidamos os democratas a fazerem junto conosco essa jornada”, concluiu. 

Acompanhe o debate no Barão de Itararé