Eleições 2022

Candidatura e chapa com Alckmin serão decididas pelos partidos, diz Lula

Em clima de unidade, ex-presidente e ex-governador de São Paulo se encontram em jantar do Grupo Prerrogativas na capital paulista e sinalizam avanço da chapa para 2022

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
O ex-governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Lula, com Lu Alckmin e Rosangela Silva, a Janja, na chegada ao jantar que marcou avanço da construção de uma candidatura dos campos democráticos para derrotar Bolsonaro em 2022

São Paulo – Em jantar organizado pelo Grupo Prerrogativas na noite deste domingo (19), em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ainda não decidiu se será candidato a presidente no próximo ano e que uma eventual chapa de centro-esquerda com Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, será definida futuramente pelos respectivos partidos – o PT e aquele ao qual o ex-tucano se filiar, já que, após 33 anos, na semana passada ele deixou o PSDB. “Quem vai decidir se vou ser candidato será o PT. E o Alckmin acabou de sair do PSDB e ainda não entrou em outro partido. Quem vai decidir as candidaturas serão os partidos”, disse.

Foi a primeira vez desde o fim de seu segundo mandato, em 2010, que Lula e Alckmin se encontraram em um evento público. Eles ocuparam a mesma mesa, em um espaço reservado do restaurante Figueira Rubayat, região central da capital paulista, que recebeu cerca de 500 convidados para o evento em homenagem ao petista.

Em seu discurso, Lula afirmou que o presidente que assumir o cargo em 2023 encontrará um país muito pior do que aquele que ele recebeu em 2003. “A responsabilidade neste momento é muito grande com o povo brasileiro.”

Lula deixou o local sem falar com a imprensa, após mais um discurso em que falou claramente como candidato. “Não posso voltar (à presidência) e fazer menos do que eu fiz”, disse. Ele citou ainda que a fome, o desemprego, a inflação e a tristeza hoje estão muito piores do que quando foi eleito pela primeira vez. “Quero que o brasileiro volte a ter orgulho e essa briga não é minha, essa briga é nossa”, encerrou.

Campanhas

O coordenador grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, informou que os convites vendidos para o jantar arrecadaram “mais de R$ 300 mil” que serão convertidos em alimentos a serem distribuídos pelo Movimento Brasil sem Fome.

Entre os convidados, estavam empresários, jornalistas, advogados, juristas e políticos de diferentes campos ideológicos como PT, PSB, PCdoB, PSD, PSDB, Solidariedade e outros. Entre as lideranças presentes, destaques para Gilberto Kassab, Randolfe Rodrigues, João Campos, Marcelo Freixo, Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, Paulo Pereira da Silva, Marília Arraes, Luciana Santos, Jandira Feghali, Arthur Virgílio, Márcio França, Omar Aziz, Jacques Wagner, Alessandro Molon, João Paulo Cunha, Rui Costa, Paulo Câmara, João Campos, Marta Suplicy.

Também marcam presença líderes de movimentos sociais, como Vilma Reis e Douglas Belchior, da Coalizão Negra por Direitos, e de figuras do campo jurídico, como os advogados Cristiano Zanin e Valeska Martins, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, Almino Affonso e Augusto de Arruda Botelho.

Construção democrática

Ao chegar ao restaurante, o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, disse aos jornalistas que a crise produzida no país sob o governo de Jair Bolsonaro acabou sendo um fator de união entre campos políticos adversários.

“O desastre que o Bolsonaro levou o país acabou levando esse punhado de gente que está hoje aqui a tentar se juntar, se organizar para tirar o Bolsonaro no próximo ano”, afirmou Paulinho. Ele disse que tem conversado bastante com o ex-presidente Lula para que se forme “uma aliança a mais ampla possível”, não apenas para unir a esquerda, mas também o centro e a direita “para que Lula possa se eleger no primeiro turno”.

Já o deputado federal Paulo Teixeira (PT-S) disse que é preciso “pensar uma frente democrática, mas é preciso amadurecer”. Com relação ao fato de Lula não ter sido categórico numa aliança com Alckmin, Teixeira disse que “Lula não quer dar as coisas como dadas, foi esse o cuidado que ele teve” ao afirmar que os partidos é que vão decidir as candidaturas.