Desenvolvimento

Campos Neto afirma haver possibilidade de queda dos juros ‘lá na frente’

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto avaliou que mercado está otimista com o governo e que haverá espaço para queda dos juros

José Cruz / Agência Brasil
José Cruz / Agência Brasil
"É essa taxa de juros longa cair é que abre espaço para a Selic cair"

São Paulo – O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, avaliou a possibilidade da queda de juros, mas falou sobre essa possibilidade “lá na frente”. Ele condicionou a redução da Selic à queda das taxas de juros de longo prazo no mercado. De acordo com Neto, o comportamento da economia ditará a futura redução. Ele falou sobre o tema nesta segunda-feira (12), durante encontro com empresários.

“É essa taxa de juros longa cair é que abre espaço para a Selic cair. Porque se a Selic cai com a taxa de juros longa acima, demonstra uma falta de credibilidade na política monetária e a taxa de juros longa sobe mais ainda”, disse o presidente do BC, em evento do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV).

Segundo Campos Neto, existe uma tendência de queda no custeio do crédito, o que aponta para um cenário positivo na economia do país. Atualmente, a taxa básica está em 13,75% ao ano.

Argumentos

Campos Neto está em uma queda de braço com o governo federal, que cobra a queda dos juros para o aquecimento da economia. Então, também há uma forte corrente do empresariado neste sentido. A expectativa é que a redução das taxas de juros estimule o consumo e a geração de emprego e renda. A boa condução da política econômica pelo governo Lula, sob comando fazendário do ministro Fernando Haddad é reconhecida pelo mercado. E também por Campos Neto. “O mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito.”

Contudo, de acordo com Campos Neto, existe um peso na balança para a manutenção da inflação dentro das metas do BC. “Temos que manter a inflação sob controle. O trabalho está sendo feito e entendemos que está no caminho certo. Há um cenário bom, com crescimento sendo revisado para cima e inflação sendo revisada para baixo. Isso abre espaço. Estamos perto da reunião do Copom, eu sou um voto de nove, e não posso adiantar nada do que pode ser feito”, disse.

Juros e desenvolvimento

Haddad defende que a redução dos juros servirá de motor para o desenvolvimento nacional. Contudo, o ministro reconhece a autoridade do Conselho de Política Monetária (Copom) e do BC. “Não estamos questionando a autoridade monetária, do ponto de vista do seu poder. Estou ponderando o que é melhor para o Brasil. Com as medidas tomadas até aqui, sim, haveria espaço para um gesto de mais confiança na economia brasileira, sem que houvesse qualquer percalço na inflação”, disse durante evento no fim do último mês.

Haddad costurou o chamado arcabouço fiscal, com medidas consideradas rígidas por parte da esquerda, mas bem-vistas pelo mercado. Campos Neto avalia que o conjunto de medidas econômicas do governo Lula está no caminho certo e que empresários percebem isso a cada dia. “Juros e câmbio estão andando na direção certa (…), as inflações de mercado ainda estão acima da meta, mas em queda”, avaliou.