dezenas de caixas

Bolsonaro guardou joias desviadas em fazenda de Nelson Piquet, informa jornal

Segundo o ‘Estadão’, terceiro pacote com relógio de ouro e joias com diamantes teria ido parar na propriedade do ex-piloto bolsonarista

Anderson Riedel/PR
Anderson Riedel/PR
Apenas "itens de maior valor" teriam sido enviados por Bolsonaro à fazenda de Piquet

São Paulo – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) guardou presentes recebidos durante o mandato, como joias de diamantes, em uma fazenda do ex-corredor de Fórmula-1 (F1) Nelson Piquet, em Brasília. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, dezenas de caixas de presentes foram enviadas para o local a partir de 7 de dezembro, após Bolsonaro ser derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições.

Ainda conforme a reportagem, “houve o claro objetivo de Bolsonaro em ficar com os itens de maior valor, uma vez que apenas estes foram enviados para a propriedade de Nelson Piquet”. Por outro lado, itens com valor simbólico, como cartas e livros, por exemplo, foram despachados para o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro e a Biblioteca Nacional do Rio. 

Os presentes enviados à propriedade de Piquet saíram pelas garagens privativas do Palácio do Planalto e também do Palácio da Alvorada, a residência oficial dos presidentes da República. A fazenda do ex-piloto fica no Lago Sul, área nobre da capital federal.

O ex-piloto é apoiador de Bolsonaro e doou R$ 501 mil diretamente à campanha do candidato à reeleição, em agosto de 2022. E também fez uma doação de R$ 200 mil à direção nacional do PP, partido que integrou a coligação do então presidente. Durante manifestação golpista em novembro, Piquet ainda chegou a sugerir “Lula lá no cemitério“.

Nelson Piquet é condenado a pagar R$ 5 milhões por racismo e homofobia contra Lewis Hamilton

As contribuições de Piquet a Bolsonaro levantaram suspeitas. Isso porque uma das suas empresas – a Autotrac – recebeu R$ 6,5 milhões do governo federal, também em agosto, após assinar contrato, sem licitação, com o Instituto Nacional de Meteorologia, órgão ligado ao Ministério da Agricultura.

Amigo do sheik

Também de acordo com o Estadão, Bolsonaro desviou para o seu “acervo pessoal” outro conjunto de joias sauditas, avaliadas em pelo menos R$ 500 mil. Desta vez, o “presente” inclui um estojo com um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes, uma caneta da marca Chopard com pedras encrustadas, além de um anel, um par de abotoaduras e uma masbaha (espécie de rosário), todos de outo branco cravejados com diamantes.

O senador Humberto Costa (PT-PE) enviou ofício ao Tribunal de Contas da União (TCU), pedindo investigação sobre esse terceiro pacote. Além da apreensão das joias, o senador pede a aplicação de multa a Bolsonaro, por conta da “reiteração de conduta lesiva ao Estado brasileiro”.

Humberto cita ainda que Bolsonaro e sua comitiva estiveram na Arábia Saudita mais de 150 vezes ao longo do mandato. Ele chamou as visitas de “inusitada peregrinação”. “Solicita-se que esse digno Ministério Público avalie apurar as reais razões de tão constantes deslocamentos oficiais, e se, ao fim de cada uma dessas visitas, a comitiva ou o ex-presidente receberam objetos valiosos, e se assim for, a que título foram recebidos”, pontuou o senador.

Na última sexta-feira (24), a defesa do ex-presidente entregou à Justiça um segundo pacote de joias e armas apropriadas indevidamente. Entre os itens entregues está um relógio suíço dos mais raros do mundo, avaliado em R$ 800 mil. Antes disso, a Receita Federal apreendeu, no aeroporto de Guarulhos, um primeiro estojo, contendo joias femininas, avaliado em R$ 16,5 milhões. O itens chegaram ao Brasil na mala de um assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque.