Segurança reforçada

Padilha: não cabe ao Planalto se preocupar com a volta de um ex-presidente que fugiu do país

Se retornar, Bolsonaro “vai ter que dar explicações sobre as joias, sobre várias questões descobertas do governo dele”, diz ministro

Reprodução/TV Brasil
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Ministro disse que não teve nenhum contato com o governo do DF sobre segurança

São Paulo – Em entrevista coletiva na manhã desta quarta (29), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi enfático depois de questionado sobre como o Palácio do Planalto “vê” a anunciada volta do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ainda não se sabe se se confirma amanhã (30). “Não vê”, respondeu. “Não cabe ao Palácio do Planalto ver a circulação de qualquer pessoa que se declara de oposição. Muito menos de um ex-presidente que fugiu do país”, disse.

“Quem tem que ver é ele (Bolsonaro), porque vai ter que dar explicações sobre as joias, sobre várias questões descobertas do governo dele. Explicações sobre obras paralisadas no país”, continuou.

Perguntado se a presença do ex-governante preocupa o governo em relação à segurança de Brasília, o ministro respondeu do ponto de vista institucional. “Eu particularmente não tive nenhum contato com o GDF (governo do Distrito Federal). São manifestações absolutamente normais. É responsabilidade do GDF cuidar da segurança de manifestações”, afirmou, sobre possíveis atos bolsonaristas.

Com a provável volta de Bolsonaro, está prevista segurança pública ostensiva na capital, com a colocação de grades e fechamento da Esplanada dos Ministérios. Após o ataque terrorista de 8 de janeiro à Praça dos Três Poderes, o governador Ibaneis Rocha foi afastado do cargo. O secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, detido em 14 de janeiro, continua em prisão preventiva.

Marco fiscal, China e Pacheco

Padilha disse aos jornalistas que ainda não está definida data para apresentação do marco fiscal e que Lula tem conversado diariamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. E pretende enviar o texto ao Congresso “o mais rápido”, acrescentou.

Ao contrário do que se divulgou hoje, o ministro informou que “ainda não está definida” a nova data da viagem de Lula à China, cancelada após o diagnóstico de pneumonia no fim de semana.

O ministro das Relações Institucionais comentou sobre a reunião de Lula com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ontem. Ele confirmou a informação de que a discussão sobre o rito de tramitação das medidas provisórias envolve a possibilidade de se formarem comissões mistas, como manda a Constituição. Pacheco quer esse rito.

MP ou PL

Como são muitas as MPs, também podem eventualmente ser apresentados projetos de lei (PLs) em alguns casos, com rito de urgência. Padilha disse que “não tem impasse” sobre o tema no Congresso, mas um “processo de reacomodação depois do fim do rito da pandemia”, quando se suprimiu a tramitação das MPs pelas comissões (leia sobre a crise entre Pacheco e Arthur Lira aqui).

Lula comentou com Pacheco o conjunto de atividades internacionais para as próximas semanas, como viagem a Portugal no fim de abril. O presidente recebeu convite para visitar o Japão em maio, quando haverá reunião do G7, e há agenda de Mercosul no segundo semestre.