Pré-campanha

Autor de biografia mentirosa de Dirceu é cotado para chefiar comunicação de Aécio

Otávio Cabral é editor da revista Veja e considerado 'especialista' em Dirceu na publicação. Livro lançado em 2013 ficou famoso por incorreções graves sobre eventos, datas e locais

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Capa do livro de Cabral, biografia mentirosa de Dirceu. O autor pode chefiar campanha de Aécio

São Paulo – O jornalista Otávio Cabral, editor da revista Veja e autor do livro Dirceu A Biografia, estaria sendo cotado para o cargo de chefe de comunicação da campanha do PSDB à presidência da República, cujo pré-candidato é o senador Aécio Neves (MG). Cabral teria comunicado à revista sua decisão de reforçar a campanha tucana na última sexta-feira (16), após férias no Japão com a esposa Vera Magalhães, editora da coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo.

Cabral ganhou notoriedade após a publicação do livro sobre a vida do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em julho de 2013. O material foi duramente criticado por outros jornalistas, como Mario Sérgio Conti, da revista Piauí, que naquele mesmo ano havia sido retirado da posição de apresentador do programa Roda Viva pela gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) para dar lugar a Augusto Nunes, também editor de Veja. O atrito de Conti com a Fundação Padre Anchieta, entidade pública que gere a TV Cultura, ocorreu depois que ele desrespeitou orientação da direção de cancelar convite ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para participar do programa.

Em artigo publicado em agosto do ano passado, Conti expôs erros relativos à vida de Dirceu, como os locais onde trabalhou quando jovem, os atos a que compareceu como militante do movimento estudantil e onde se abrigou durante a luta contra a ditadura (1964-1985). Há ainda informações incorretas sobre o relacionamento de Dirceu com lideranças da política institucional no período da ditadura, bem como erros sobre posições defendidas pelo PT em seus primeiros anos. Em lista com mais de 30 inverdades contidas no livro, Conti destacou, principalmente, erros históricos, como trecho que diz que a TV Tupi era uma rede nacional de televisão em 1967 (o Jornal Nacional foi o primeiro programa transmitido em rede nacional, em 1969), e trechos que erram datas das revoluções anticoloniais na África.

Até o início da tarde de hoje, o diretório do PSDB não havia confirmado a contratação de Cabral.