Crime

Apoiador de Bolsonaro, diretor da PRF vira réu por improbidade

MPF acusa Silvinei Vasques de utilizar a imagem da PRF para pedir votos para o atual presidente, derrotado nas últimas eleições

Reprodução/Montagem RBA
Reprodução/Montagem RBA
Na véspera do segundo turno, Silvinei pediu explicitamente votos para o atual presidente em postagem no Instagram

São Paulo – O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, virou réu por utilizar o cargo para fazer campanha aberta para Jair Bolsonaro nas eleições. A decisão do juiz José Athur Diniz Borges, da 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF). No último dia 15, o procurador da República Eduardo Benones pediu a condenação do diretor da PRF pelo crime de improbidade administrativa. Considerou que Vasques fez “uso indevido do cargo, com desvio de finalidade, bem como de símbolos e imagem da instituição policial com o objetivo de favorecer um dos candidatos nas eleições presidenciais”.

Assim, o procurador destaca que o diretor da PRF pediu votos para o atual presidente. “(Silvinei) participou de eventos públicos oficiais, concedeu entrevista em meio de comunicação, bem como fez publicações em suas redes sociais (…) usando da imagem da instituição (para) promover efetivas manifestações (…) de apreço ao candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro, com o fim de obter proveito de natureza político-partidária, inequivocamente demonstrado no pedido explícito de voto às vésperas do segundo turno da eleição presidencial”, diz a peça do MPF.

Na véspera do segundo turno, em sua conta pessoal no Instagram, ele explicitamente pediu voto para Bolsonaro, derrotado no pleito. Para o MPF, os atos já seriam extremamente graves se tivessem se restringido ao âmbito interno da Polícia Rodoviária Federal.

O órgão também pediu o afastamento de Silvinei, mas o magistrado não atendeu a essa solicitação. Entendeu que seria necessário ouvi-lo antes de tomar a decisão, mas o diretor está de férias desde o último dia 16. Borges deu prazo de 30 dias para que ele se manifeste.

Na mira do TCU

Nesta semana, o Tribunal de Contas da União (TCU) também pediu esclarecimentos da PRF sobre a suposta omissão da instituição no combate aos bloqueios de rodovias. Desde 30 de novembro, após a derrota eleitoral, bolsonaristas ocuparam diversas rodovias pelo país, contestando o resultado das urnas. De acordo com a PRF, as rodovias federais só foram liberadas na última quarta-feira (23).

Do mesmo modo, o ministro do TCU Benjamin Zymlera também cobra esclarecimentos sobre o planejamento adotado pela PRF nas ações durante o primeiro e o segundo turno das eleições. No segundo turno, os policiais rodoviários chegaram a realizar blitzes, principalmente na região Nordeste, dificultando o acesso dos eleitores aos locais de votação.