Apesar de dividir opiniões, PMDB deve fechar acordo sobre ‘distritão’, diz senador

Mesmo diante da posição majoritária, Pedro Simon afirma que o modelo favorecerá alguns setores

Para o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), mesmo os senadores que não defendem o “distritão” serão favoráveis à posição do partido (Foto: J. Freitas/Ag. Senado)

São Paulo – Um dos pontos mais polêmicos em discussão na Comissão Especial de Reforma Política no Senado, o modelo de votação deve ter consenso entre os parlamentares do PMDB. Para o senador Eduardo Braga (PMDB-MA), apesar de não ser unânime, a decisão a favor do “distritão” dentro do PMDB será fechada. A posição vem sendo defendida pelo presidente nacional licenciado da legenda e vice-presidente da República, Michel Temer.

Nesse modelo, as eleições para as câmaras Federal e municipais, assim como para assembleias legislativas, transformam-se em disputas majoritárias. Ganha o candidato com maior votação, independentemente do partido. Diferentemente do voto distrital, não haveria subdivisão dos estados, e todos os candidatos disputariam a preferência dos eleitores. Atualmente, os pleitos proporcionais depende do coeficiente de votos de cada coligação para definição das bancadas em cada estado.

A maioria dos senadores do PMDB considera o “distritão” a solução mais viável para o país neste momento. Na opinião de Braga, mesmo aqueles que não advogam em favor da proposta já se mostram dispostos a apoiá-la.

No entanto, ele ressaltou que a discussão em torno de mudanças no sistema eleitoral brasileiro ainda está amadurecendo. “Eu mesmo defendo o voto distrital misto, mas compreendo que, neste momento, não é muito fácil implantar esse sistema”, disse, ao manifestar posição favorável ao “distritão”.

Na visão do senador Romero Jucá (PMDB-RR), a sociedade brasileira não consegue aceitar as atuais regras eleitorais. Segundo ele,  as pessoas não entendem o  porquê de um candidato com pouco votos conseguir se eleger enquanto outros, mais votados, não alcançam a vitória, motivo pelo qual Jucá diz defender o “distritão”.

“O que vai mudar é a contabilização dos eleitos: em vez de se eleger pessoas com menos votos do que outras, serão eleitos os que forem mais votados. Essa é uma leitura que a população entende: quem teve mais voto deve se eleger”, afirma Jucá.

Ele rebate as críticas de que a fórmula vai enfraquecer os partidos. Jucá acredita que as agremiações políticas serão fortalecidas com o fim das coligações e cada legenda terá de disputar o pleito “com os nomes que tiver”, sem a necessidade de atingir o coeficiente eleitoral.

Divisão no partido

Contrário às posições do partido, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) mostra-se receoso em relação à possibilidade de o “distritão” favorecer os candidatos com maior poder econômico ou as celebridades do momento. “Vai ganhar a eleição o candidato mais endinheirado, o jogador que está na moda, um delegado que teve uma atuação excepcional. Serão eleitos aqueles que são as ‘vedetes’ do momento e os que têm mais dinheiro. Será uma irracionalidade”, criticou.

Simon reconhece que a fácil implementação é uma das vantagens do modelo, não sendo necessária a divisão do território, como requer o sistema distrital, ou a definição da lista de candidatos do partido, como no proporcional com lista fechada. Ele afirma ainda temer que reforma política aprovada no Senado seja “engavetada” na Câmara.

Com informações da Agência Senado