Corrida

Haddad e Tarcísio duelam em debate, e Rodrigo tenta ser ‘alternativa’

Haddad usa debate para defender parceria entre São Paulo e governo Lula. Em disputa por 2º lugar, Rodrigo bate mais no PT do que em Bolsonaro

São Paulo – Na primeira parte do debate entre cinco candidatos ao governo de São Paulo, os dois primeiros colocados (Fernando Haddad, do PT, e Tarcísio de Freitas, do Republicanos) se enfrentaram diretamente, enquanto o terceiro, o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), tentou se posicionar como alternativa contra a “briga”. Os outros dois, Elvis Cezar (PDT) e Vinícius Poit (Novo), ambos com 1% nas pesquisas, não conseguiram escapar da condição de coadjuvantes.

Transmitido pela TV Globo e pelo portal g1, o debate da noite desta terça-feira (27) foi o último entre os candidatos a governador antes da eleição, no próximo domingo (2). Pela pesquisa divulgada horas antes, o ex-ministro e ex-prefeito Haddad se mantém à frente, com 34% das intenções de voto. O ex-ministro bolsonarista Tarcísio tem 24%, ante 19% do tucano.

Não à toa, no primeiro bloco, Tarcísio, o primeiro a perguntar, escolheu Haddad. A questão era sobre empregos. O petista citou três medidas: aumento do salário mínimo estadual, redução da carga tributária sobre itens básicos e retomada do investimento, público e privado. O ex-ministro defendeu a atual gestão, falando em crescimento do emprego e redução da inflação (o que só aconteceu nos últimos meses, e pela súbita ofensiva em relação aos preços dos combustíveis). Haddad rebateu citando expansão do emprego formal durante o governo Lula.

Na sequência, os dois trocaram de posição, com Haddad perguntando para Tarcísio com críticas ao governo Bolsonaro na gestão da pandemia e dos programas sociais. O ex-ministro disse que o atual governo mostrou “resultados”, embora o governo tenha elevada taxa de reprovação em todas as pesquisas.

Seguiram-se perguntas de Elvis para Poit (sobre pedágios – e sem resposta) e de Rodrigo para Elvis (sobre a “briga política” entre lulistas e bolsonaristas). O bloco fechou com uma questão de Poit para Garcia sobre segurança pública.

Meio ambiente e obras

No segundo bloco, os candidatos debateram temas específicos, estabelecidos por sorteio. Elvis perguntou para Haddad sobre a solução para despoluir o Rio Tietê. O petista denunciou que, somente no último ano, a mancha de poluição do Tietê aumentou 40%. “E o governador vem dizer que o rio está despoluído”, criticou Haddad. Ele também afirmou que qualquer solução de despoluição passa pelo fortalecimento da Sabesp, que não deve ser privatizada, pois as contas de água iriam aumentar.

Na réplica, Elvis prometeu despoluir 50% do rio em quatro anos, investindo os lucros da Sabesp na universalização dos serviços de tratamento de esgoto, principalmente na região do Alto Tietê. Haddad, por outro lado, lembrou que o meio ambiente de São Paulo é afetado, por exemplo, pelo desmatamento da Amazônia. Disse que a partir do ano que vem, o estado paulista terá voz ativa nas discussões ambientais, destacando o candidata Marina Silva (Rede), que o apoia e que ele espera ver eleita para o Congresso Nacional.

Rodrigo e Tarcísio trocaram acusações sobre obras inacabadas. O atual governador citou que ganhou direito de resposta na propaganda eleitoral, após o bolsonarista acusá-lo de não ter terminado 8 mil obras no estado. “No governo federal, sim, temos mais de 7 mil obras inacabadas”, afirmou Rodrigo. Tarcísio, por sua vez, disse que realizou a renovação da malha viária de São Paulo. “Tarcísio fala, fala, mas as obras dele são tudo de papel. Na prática, ele inaugurou 18 quilômetros de duplicação aqui em São Paulo”, rebateu o governador. Ele ainda acusou Tarcísio de privilegiar o Rio de Janeiro (seu estado de origem), com pedágios mais baratos, nas concessões das rodovias Rio-Santos e Dutra.

Moradia, tecnologia e fome

Haddad destacou o Minha Casa Minha Vida como o maior programa de habitação já realizado no país. E criticou o programa Casa Verde e Amarela, criado por Bolsonaro que, segundo Haddad, “ninguém viu, nem sabe o que entregou”. Nesse sentido, perguntou a Elvis se considera esse tipo de programa nos seus planos de habitação. O pedetista se esquivou, mas prometeu construir 200 mil habitações por ano, se eleito. “Vejo com muita dificuldade uma solução para moradia que não passe por um programa do tipo do Minha Casa Minha Vida”, rebateu o petista. Haddad afirmou que, sem subsídios, famílias que ganham até três salários mínimos não conseguem alcançar o sonho da casa própria no estado.

Tarcísio quis saber de Poit detalhes das suas propostas na área de Ciência e Tecnologia. O candidato do Novo voltou a bater no governo estadual por ter, segundo ele, abandonado o Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Além disso, o liberal prometeu cortar “privilégios” para incrementar os investimentos em pesquisa. Tarcísio também prometeu ampliar os investimentos em inovação, ampliando as bolsas de pesquisa. O governo Bolsonaro, no entanto, reduziu drasticamente as verbas destinadas ao setor.

Sobre fome, Poit disse ao governador Rodrigo Garcia que as mães do Jardim Eliane “não sabem nem a cor de algum Bom Prato perto delas”. O governador rebateu, disse que o programa serve 120 mil refeições por dia, e prometeu criar o Cartão Bom Prato. Além disso, também se comprometeu a zerar o ICMS para famílias mais pobres. No entanto, durante a gestão Doria-Garcia, o tributo estadual aumentou, inclusive sobre os alimentos.