HOJE, na TVT

Juca Kfouri recebe Alexandre Saraiva, delegado exonerado da PF por combater o crime na Amazônia

Entre outros temas, delegado relata ao jornalista a interferência de Bolsonaro na PF e lembra de tempos de “aparelhamento positivo” com Lula e Dilma

Reprodução/TVT
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"Hoje em dia, se você esbarra em alguém do governo federal, você está frito", disse Saraiva

São Paulo – O jornalista Juca Kfouri recebe hoje (7), às 21h30, o delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, em seu programa Entre Vistas, da TVT. Com uma década de experiência na chefia da superintendência da Amazônia, Saraiva foi exonerado pelo governo Bolsonaro, após denunciar o maior esquema de tráfico de madeiras da história do país, com envolvimento do ex-ministro Ricardo Salles. “Ele foi superintendente e exonerado pelo atual governo porque estava protegendo o meio-ambiente, a floresta e lutando contra o crime organizado”, lembra Juca.

Saraiva voltou a chamar atenção recente por denunciar a existência de uma “máfia” na Amazônia, formada por parlamentares ligados ao presidente, entre eles, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). “Hoje em dia, se você esbarra em alguém do governo federal, você está frito”, diz Saraiva à Juca, sobre o aparelhamento das instituições por Bolsonaro.

Passado diferente

Alexandre Saraiva lembra que nem sempre foi assim. Ele relatou para Juca que foi testemunha de um período em que a Polícia Federal atuava de forma independente. “A maior parte da minha carreira foi dentro de uma polícia independente. Até este último governo, nunca havia recebido uma ligação sobre o que fazer ou deixar de fazer. Nem tenho notícia de nenhum amigo policial que tenha recebido pressão”, disse. Ele é delegado da PF há 18 anos.

“Muito pelo contrário. Existia um desejo dos governos de combater a corrupção e a Polícia Federal foi ‘aparelhada’, mas no bom sentido. Quando entrei na polícia, não tínhamos nem armas para os bons policiais. Os governos do PT resolveram isso. Todo policial recebeu uma pistola de excelente qualidade, computadores, viaturas. Houve sim, um ‘aparelhamento’ positivo na parte de cursos, formação do policial. Especialmente em uma polícia fundada na ciência e não na violência”, completa.

Independência

Na entrevista, Juca cita uma conversa que teve com Lula anos atrás Ele citou que o ex-presidente dizia que “há três coisas que, por republicanismo, presidente não pode se intrometer: Receita Federal, Ministério Público e Polícia Federal”. Saraiva responde com um relato que comprova a visão do ex-presidente. “Tivemos, nos tempos do PT, o diretor-geral mais longevo da história da PF, que ficou à frente da polícia mais de sete anos. Isso mostra uma estabilidade institucional muito grande. Olha agora, quantas trocas”.