CPI da Covid: governo Bolsonaro parte para estratégia ‘militar e miliciana’
Tânia Mandarino, do coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia, alerta “que não devemos subestimar o bolsonarismo, que tentará novas manobras”
Publicado 02/07/2021 - 10h39
São Paulo – O depoimento do policial militar Luiz Paulo Dominguetti na CPI da Covid foi tumultuado, tirou o foco do tema da corrupção sobre a compra das vacinas Covaxin e foi considerado por muitos parlamentares como uma armadilha, por parte do governo Bolsonaro, para atrapalhar a investigação dos senadores.
O representante da empresa Davati Medical Suply foi convocado à CPI da Covid após afirmar que o Ministério da Saúde pediu propina de US$ 1 para acertar a compra da vacina Astrazeneca. Porém, além de confirmar a corrupção do governo federal, tentou atribuir um trabalho de intermediação da compra de vacinas ao deputado Luis Miranda (DEM-DF), mas foi desmentido.
Para a advogada Tânia Mandarino, integrante do coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia, é preciso ficar atento aos passos do governo Bolsonaro, seja na CPI ou mesmo nas eleições, pois virão as “piores ações” para evitar que o presidente deixe o poder.
“É uma estratégia militar e miliciana, e isso mostra que não devemos subestimar o bolsonarismo, que tentará novas manobras. A tentativa de “cavalo de Troia” foi só o começo para tentar promover confusão no Congresso Nacional”, afirmou ela a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta sexta-feira (2).
CPI da Covid e a OEA
Nesta quinta-feira (1º), o Brasil ultrapassou a marca de 520 mil vítimas da covid-19. Os casos de contágio chegaram a 18.622.304 registros. A situação da pandemia no Brasil sob o governo Bolsonaro levou o tema a evento na Organização dos Estados Americanos (OEA) ontem.
O Estado brasileiro segue em pauta em órgãos internacionais. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) também apresentará nos próximos dias uma nova denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro por genocídio e ecocídio perante o Tribunal Penal Internacional (TPI). A denúncia se somará a outra, protocolada em 2019 pelo Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (CADHu) e pela Comissão Arns, relatando à instituição estabelecida em Haia, nos Países Baixos, indícios de crimes contra a humanidade e incitação ao genocídio de povos indígenas praticados por Bolsonaro.
Para Tânia Mandarino, os trabalhos da CPI da Covid são importantes, mas, na avaliação dela, as denúncias apresentadas como a da Apib são potentes por si, já que os indígenas estão sofrendo “de peito aberto no genocídio”. “Para haver de fato uma condenação do Estado brasileiro e para que a comunidade internacional olhe para o país, isto passará mais pelas denúncias formais já protocoladas do que a própria CPI”, avaliou.
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