CPI DA COVID

Dominguetti reafirma pedido de propina do Ministério da Saúde, de US$ 1 por dose de vacina

Segundo representante da Davati Medical, governo federal tentou articular corrupção no contrato do imunizante

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado
Dominguetti, ao centro, afirmou que Roberto Dias, da Logística do Ministério da Saúde, pediu US$ 1 de propina

São Paulo – O representante da Davati Medical Suply Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que atuou para vender um lote de vacina da Astra Zeneca, confirmou na CPI da Covi, nesta quinta-feira (1º), que o Ministério da Saúde pediu US$ 1 de propina por doses do imunizante. A denúncia, que havia sido antecipada ao jornal Folha de S.Paulo, foi repetida na sessão. Segundo ele, o então diretor de Logística da Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, foi o responsável por negociar a corrupção no contrato.

Na CPI da Covid, o depoente disse que a primeira proposta de vacina era de US$ 3,50, a menor do mercado. A Davati estava ofertando 400 milhões de doses. Dentro desse valor, US$ 1 por vacina seria repassado de propina ao governo federal. “A gente sempre tentou colocar uma oferta comercial justa ao Ministério, mas nunca buscamos facilidade por parte do Roberto Dias. Ele sempre colocou como condição amargurar a vacina, se não nem seria comprada. Eu não tinha interesse em seguir com as negociações daquele tipo e encerrei as conversas”, disse Dominguetti na sessão da comissão.

Eleambém admitiu ser um policial mlitar ainda na ativa, mas também atua como representante para complementar renda. De acordo com ele, o tenente-coronel do Exército Marcelo Blanco, ex-assessor e no departamento de logística do Ministério da Saúde, foi o intermediador da empresa com Roberto Dias.

CPI da Covid

A audiência para ouvir Dominguetti havia sido marcada inicialmente para amanhã (2). Porém, na noite ontem (30), o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou pelas redes sociais que o depoimento havia sido antecipado. Assim, o empresário Francisco Emerson Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos, que estava previsto para falar à CPI na reunião desta quinta, teve a convocação adiada, sem nova data.

A Precisa é responsável por um contrato com o Ministério da Saúde para aquisição da vacina indiana Covaxin, que também está sendo investigado pela CPI depois das denúncias feitas no depoimento dos irmãos Luis Miranda e Luis Ricardo Miranda.

À Agencia Senado, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu urgência nessa linha de investigação. “Tem uma urgência para o Brasil neste momento, com a informação de R$ 2 bilhões distribuídos em propina. Não existe nada mais forte para a investigação do que um fato, que salta aos olhos, e que pressiona todos nós, desde ontem”, defendeu.