#26M

Ato em Brasília defende vacinação em massa, combate à fome e auxílio emergencial de R$ 600

Manifestação em frente ao Congresso Nacional terminará com distribuição de 600 cestas básicas a catadores. Centrais entregam pauta de reivindicações aos parlamentares

Valcir Araújo
Valcir Araújo
Sérgio Nobre, presidente da CUT, em ato na Esplanada que respeitou protocolos sanitários, com manifestantes guardando distância: críticas ao governo pela 'tragédia'

São Paulo – Manifestação organizada por centrais sindicais e movimentos sociais nesta quarta-feira (26), em Brasília, vai defender auxílio emergencial de R$ 600 e vacinação em massa. No encerramento, em outro local, serão distribuídas 3 toneladas de alimentos a catadores de materiais recicláveis, de uma cooperativa do Distrito Federal. O ato será em frente ao Congresso Nacional, a partir de 10h.

Batizado de 26M, o ato é em defesa do auxílio de R$ 600, “por vacina no braço e comida no prato”. Assim, as entidades ratearam o custo de alimentos agroecológicos, que serão distribuídos aos catadores. A doação é feita na forma de 600 cestas básicas, com pelo menos 16 itens em cada uma, em uma ação que se reveste de um valor simbólico pela defesa do auxílio emergencial. Além disso, as centrais farão a entrega, no parlamento, de uma “agenda legislativa” com temas de interesse dos trabalhadores.

Acompanhe o ato

Depois do 26M das centrais, dezenas de entidades reunidas nas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo organizam para o próximo sábado o 29M. A data marcará o retorno dos movimentos sociais e populares às manifestações de ruas, e já tem atividades programadas em todo o país.

“No ano passado, 68 milhões de brasileiros tinham direito ao auxílio por conta da pandemia”, lembra as centrais. “Neste ano, esse número, segundo o Dieese, baixou para 38,6 milhões de beneficiados. Em consequência das novas regras impostas pelo governo federal, quase 30 milhões de brasileiros passaram a viver em insegurança alimentar.”

Os dirigentes pediram audiência com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-RO), para entrega do documento, elaborado em conjunto com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Traz a posição e as propostas das centrais em relação a 23 projetos que tramitam nas Casas. “A maioria desses projetos afeta negativamente a vida e os direitos da classe trabalhadora”, afirmam, citando a “reforma administrativa”, privatizações e o próprio auxílio emergencial, entre outros temas.

Levados por caminhões pela Esplanada dos Ministérios, os alimentos a serem doados vêm de áreas da Contag (agricultura familiar) e de assentamentos do MST (sem-terra). Essas entidades participam do ato, juntamente com as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, além das centrais (CGTB, CSB, CSP-Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical, Nova Central, Pública e UGT).

“O povo está passando fome. O custo de vida aumentou, os preços dos alimentos, do gás subiram e o auxílio emergencial foi reduzido. Uma grande tragédia”, afirma o presidente da CUT, Sérgio Nobre. Para ele, reduzir o valor do auxílio foi um crime. “Mas crime ainda maior é o governo Bolsonaro ter reduzido o número de pessoas que podem receber esse auxílio, hoje indispensável para evitar ainda mais brasileiros passem fome e que o país enfrente uma convulsão social.”

Máscaras e organização

Com a pandemia matando milhares de brasileiros todos os dias, deterioração das condições econômicas e a indignação crescendo com os depoimentos na CPI da Covid, cresce a discussão sobre a realização de manifestações contra o governo de Jair Bolsonaro, mesmo em meio à pandemia de covid-19.

Especialistas em saúde e pesquisadores da covid-19 são categóricos: em uma situação de pandemia, não se pode falar em segurança total, mas, sim, é possível realizar manifestações com uma redução bastante significativa dos riscos, desde que sejam utilizadas máscaras de boa qualidade e haja boa organização nos atos.

O físico, pesquisador na Universidade de Vermont e membro do Observatório Covid-19BR Vitor Mori destaca que qualquer atividade ao ar livre, como manifestações de rua, apresenta risco menor de transmissão da covid-19 do que em ambientes fechados. Com uso de máscaras do tipo N95 ou PFF2, esse risco continua existindo, mas é ainda menor. “Não dá para dizer que é 100% seguro, que não tem risco nenhum. Qualquer atividade que envolva um grande número de pessoas, envolve certo risco. Mas pelo fato de estar em um local ao ar livre, bem ventilado, de máscara, a chance de transmissão é muito baixa”, afirmou.


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