De volta ao jogo

Com Brasil ‘no fundo do poço’, Lula ressurge ‘como uma fênix’, diz analista

Paulo Niccoli Ramires (Fesp-SP) diz que o ex-presidente Lula volta ao jogo no momento em que o país atravessa o caos social, econômico e pandêmico

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Lula traz "esperança" com conquistas sociais do passado

São Paulo – A decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou os processos da Lava Jato contra o ex-presidente Lula, deixou o mercado financeiro e os veículos da mídia tradicional “desnorteados”. Também ocorre num momento em que o Brasil sofre com a falta de liderança política. Já que o atual presidente, Jair Bolsonaro, sem vocação para estadista, se recusa a assumir as rédeas do combate à pandemia. “Lula ressurge como uma fênix no momento em que o Brasil alcançou o fundo do poço”, afirmou o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (9).

De acordo com o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), as conquistas econômicas e sociais ocorridas nas últimas décadas foram destruídas pelos governos Temer e Bolsonaro. E também pela Lava Jato.

Para o analista, a Lava Jato causou “grande prejuízo” à economia brasileira, ao paralisar obras de infraestrutura, levando ao desemprego. Além disso, também teve “efeito político” ao pavimentar a ascensão do atual presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, a decisão de Fachin desmoronou o “castelo de areia” da República de Curitiba. E o seu fim definitivo pode vir ainda hoje, quando o plenário do STF deve analisar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro.

“Esse caos econômico, político e pandêmico também é resultado dessa ação da Lava Jato, que foi uma verdadeira molecagem. Destruiu a confiança nas instituições e no Direito. Obviamente que Lula foi condenado injustamente”, afirmou Ramirez.

Perdão da Globo

Ramirez frisou ainda que a mídia, em especial a Rede Globo, atuou como “avalista” da Lava Jato. Seus jornalistas recebiam informações privilegiadas e as utilizavam para justificar as teses criadas por Moro e os procuradores. Nesse sentido, ele comparou com o apoio dado por esses mesmos grupos ao golpe que inaugurou a ditadura civil-militar no Brasil. “Da mesma maneira como a Rede Globo demorou 50 anos para pedir perdão pelo apoio ao golpe de 1964, talvez nossos netos vejam a emissora pedir perdão pelo que fez com o ex-presidente Lula”, disse o professor.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima


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