Pesquisa

Para 78%, governo erra em cogitar reduzir o auxílio emergencial

Quando o benefício foi prorrogado, equipe do ministro Paulo Guedes chegou a sugerir apenas mais três parcelas com valores decrescentes

Isac Nóbrega/PR
Isac Nóbrega/PR
Governo Bolsonaro libera mais recursos para pagamento de dívida a bancos, com aval de Paulo Guedes, que para combater as mortes pela covid-19

São Paulo – Para 78% dos eleitores, o governo Bolsonaro está errado quando cogita reduzir ou interromper o pagamento do auxílio emergencial. No início do mês, quando a ajuda de R$ 600 foi prorrogada por dois meses, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a avaliar que fossem pagas apenas mais três parcelas, com valores decrescentes. Pesquisa Vox Populi divulgada nesta terça-feira (14) revela que somente 18% concordam com essa proposta. Outros 4% não souberam ou não quiseram responder.

Em entrevista concedida em 22 de junho, Jair Bolsonaro também havia falado sobre não dar continuidade ao auxílio no formato atual. “Vai ser negociado com a Câmara, presidente da Câmara, presidente do Senado, um valor um pouco mais baixo, e prorrogar por mais dois meses talvez a gente suporte, mas não o valor cheio de R$ 600.” O Congresso Nacional acabou aprovando a prorrogação por dois meses.

Por outro lado, 66% dos entrevistados afirmam que o PT está certo em propor a extensão do auxílio emergencial até o fim do ano. No entanto, 28% acreditam que o principal partido de oposição está errado, ou apenas querendo fazer demagogia, ao propor a prorrogação, enquanto 6% dos pesquisados não responderam.

O levantamento também mostrou que 49% da população avalia negativamente a condução de Bolsonaro diante da pandemia. 63% também acham que o Brasil estaria em melhor situação se o presidente tivesse apoiado o isolamento social, em vez de sabotá-lo.

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O levantamento também aponta que 28% dos eleitores já receberam pelo menos uma parcela do auxílio. Outros 9% se inscreveram, mas ainda não receberam. Outros 3% ainda tem a intenção de se cadastrar para receber o auxílio. Já os que afirmam que não vão se inscrever somam 60%.

Entre os que não receberam o auxílio emergencial, a avaliação negativa de Bolsonaro sobe para 58%, ante 44% da média geral. Em relação aos que receberam ao menos uma parcela, 42% consideram o negativo o desempenho do presidente. Mesmo número registrado por aqueles que não se inscreveram.

No geral, 58% classificam o auxílio de R$ 600 como “muito importante”. Outros 37% consideram “importante, mas insuficiente”.

Crise

Para 69% dos eleitores, a atual situação da economia e do emprego no Brasil é a pior crise jamais vista. Outros 29% afirmam que o país já passou por situações iguais ou piores. Já os que não acreditam que Bolsonaro tem capacidade de governar o país em um momento como esse, somam 59%, frente a 38% que ainda acreditam. No levantamento anterior, 52% não acreditavam e 43% acreditavam na capacidade do presidente.

Empresas

Para 52% dos entrevistados, o governo é totalmente responsável (15%) ou tem a maior parte da responsabilidade (37%) pelos milhões de empregos perdidos e milhares de empresas que quebraram durante a pandemia. Um quarto (25%) avalia que ele tem a menor parte das responsabilidade. Por outro lado, 21% apontam que o governo federal não tem responsabilidade alguma pela atual situação dos trabalhadores e empregadores.

Outros 58% dizem que o governo tem obrigação de socorrer as pequenas empresas durante a crise, mas não quer ou não tem interesse. Para 34%, o governo tem obrigação, mas não possui recursos para ajudar as empresas. Somente 4% alegam que as empresas têm que resolver seus problemas sem ajuda do governo.

A pesquisa foi realizada entre 25 de junho e 3 de julho, com 1.500 entrevistas de abrangência nacional realizadas por telefone. A margem de erro é de 2,5%, com intervalo de confiança estimada de 95%.