São Paulo – O vereador Ota (PSB) declarou a servidores não ter votado contra a reforma da previdência municipal paulistana na primeira votação para não perder cargos. Em vídeo, ele diz que já perdeu 20 cargos na prefeitura por não votar com o governo em outras oportunidades. Por meio de sua assessoria de imprensa, o vereador Ota afirmou que não pode perder o que não tinha: cargos. O parlamentar disse ainda que na primeira votação se absteve porque aguarda até o momento um substitutivo do governo ao projeto da Previdência. “Cometi um erro no vídeo pois queria me referir ao projeto”.
Atualização: Na segunda votação, nesta quarta-feira (26), Ota votou contra o projeto, que acabou sendo aprovado por 33 a 17.
Milhares de servidores municipais se concentraram nos arredores da Câmara Municipal de São Paulo nesta quarta-feira (26) para acompanhar a segunda votação do projeto de lei 621/2016, que trata da reforma da previdência municipal e cria o SampaPrev. Eles ficaram na entrada do estacionamento pressionando os vereadores que chegavam para retirar o projeto de pauta.
Assista a vídeo com “confissão” do vereador Ota
Como na semana passada, o clima é tenso e apenas algumas dezenas de manifestantes puderam ingressar no local. A tropa de choque da GCM está no local, o clima é tenso, e apenas algumas dezenas de manifestantes puderam ingressar na Câmara para acompanhar a votação.
A vereadora Juliana Cardoso (PT) lembrou que o projeto apenas retira dinheiro do bolso dos servidores e não resolve qualquer problema na cidade. “O que os vereadores querem é acabar com os servidores públicos. O projeto de lei do orçamento tem redução de recursos na educação, na saúde, na cultura. É uma farsa. Tem milhares de servidores aí fora. Podem esperar vereadores, vocês serão responsáveis pela maior greve que essa cidade já viu”, afirmou.
Toninho Vespoli (PSOL) diz que vai à justiça contra a manobra do governo Covas para aprovar o projeto. “É assim que o governo negocia os projetos na Câmara. É uma vergonha para São Paulo. Nós vamos à Justiça contra essa votação ilegítima”. Ele também ressaltou que todos os cálculos do governo são irreais. “O governo projetou o déficit ao longo dos anos sobre um reajuste anual de salário de 6%. Mas o aumento concedido todo ano é de 0,01%. Ou seja, a reforma é um confisco. São mentiras e mentiras, dizendo que isso é que vai salvar São Paulo”, disse Vespoli.No plenário, o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), já mandou retirar um assessor parlamentar de Vespoli que teria ofendido os manifestantes favoráveis ao PL 621.
O líder do governo, vereador Fábio Riva (PSDB), defendeu a aprovação do PL 621, justificando que ele defende o futuro dos servidores. “É uma medida dura. Mas é a garantia de que vocês terão seus proventos no futuro. E que a cidade vão ter condições de investir em melhorias de saúde, educação, mobilidade. Não é um projeto para hoje”.
O projeto prevê o aumento da alíquota de arrecadação de todos os servidores de 11% para 14%, além da criação de uma alíquota suplementar de 1% a 7% para quem desejar receber aposentadoria acima do teto, para novos servidores. A alíquota suplementar geral, de 1% a 5% foi removida.
Segundo o vereador Cláudio Fonseca, houve duas alterações no projeto substitutivo apresentado pela gestão Covas na sexta-feira. O governo terá de apresentar um projeto de lei à Câmara com a estrutura do SampaPrev. Antes, a definição ficaria a cargo do próprio executivo, o que é ilegal. E os novos servidores, que ganharem abaixo do teto da previdência (R$ 5600) poderão optar entre o regime de previdência geral e o complementar (SampaPrev).