Analistas divergem sobre resultado final do julgamento no Senado
Para o jurista Dalmo Dallari, a presidenta destruiu os argumentos da oposição e deve reverter a tendência de queda. Aldo Fornazieri chama processo de 'jogo de cartas marcadas'
Publicado 30/08/2016 - 15h03
São Paulo – Para especialistas ouvidos na manhã de hoje (30) pela Rádio Brasil Atual, o discurso da presidenta Dilma Rousseff, ontem, durante sua defesa no Senado Federal, foi positivo e provou que não existe fundamento jurídico para o processo de impeachment.
O professor Aldo Fornazieri, da Fundação Escola de Sociologia de São Paulo, afirmou que a fala de Dilma entrará para a história. “Foi o melhor discurso da Dilma até hoje, muito bem construído. Foi uma fala dura, mas ao mesmo tempo emocionada, que vai marcar muito a construção da narrativa que a historiografia fará sobre o impeachment.”
Para o jurista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Dalmo Dallari, a presidenta destruiu os argumentos da oposição para justificar seu afastamento. “Achei positiva a maneira como Dilma se manifestou. Ela teve muita tranquilidade e objetividade, fazendo uma análise pormenorizada das acusações. Ela demonstrou que os fundamentos da acusação são falsos, que não há indicação de um crime de responsabilidade. Então, não há fundamento jurídico para o impeachment.”
Final
O jurista também acredita que o discurso da presidenta irá reverter os votos dos senadores indecisos e que o afastamento de Dilma será revogado. “Desde o começo acredito cada vez mais que os senadores irão reverter os votos. A decisão final será contra o impeachment e Dilma será mantida na presidência. Ficou cada vez mais evidenciado a falta de fundamento jurídico.”
Já o cientista político Aldo Fornazieri acredita que o processo será aceito e a presidenta será afastada definitivamente. “A defesa da Dilma estraçalhou com a tese de crime de responsabilidade. Mas o golpe não será revertido porque os golpistas não abrem mão da sua pretensão de poder. Esse impeachment é um jogo de cartas marcadas. Há o interesse do PSDB de tentar aplainar um caminho nas eleições de 2018, ocupando cargos no governo golpista. Ele, o PSDB, foi o grande fiador do golpe.”
Ouça as entrevistas: