Relator dá prazo de cinco dias para defesa de Cunha
Presidente afastado da Câmara negou ser titular de conta no exterior, mas admitiu ser beneficiário de truste
Publicado 19/05/2016 - 17h04
Cunha retornou à Câmara pela primeira vez desde seu afastamento para fazer sua defesa no Conselho de Ética
Brasília – O deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo relativo ao presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, abriu prazo de cinco dias úteis para a defesa apresentar suas razões antes da apresentação final do relatório. O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, classificou o prazo como “absurdo”, por não estar previsto no Regimento Interno.
A defesa de Cunha também alega que a denúncia contra ele foi ampliada, o que não poderia ter sido feito. Nobre alegou que as acusações ligadas à Operação Lava-Jato apenas poderiam ser discutidas em uma nova representação, na qual a defesa teria tempo adequado e todos os demais elementos disponíveis para se defender.
Cunha encerrou há pouco o seu depoimento, iniciado às 9h37 de hoje, mas a reunião do Conselho de Ética continua neste momento no Plenário 2.
Após o presidente afastado ter negado ser titular de conta no exterior, mas admitir ser beneficiário de truste, o deputado Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS) questionou o fato de Cunha não ter nenhuma curiosidade em relação ao negócio. Por outro lado, Marchezan apontou que Cunha seria o criador, o beneficiário e até mesmo o administrador do truste.
“Tudo leva a crer que o truste é uma simulação para esconder recursos de origem não lícita. Não há transparência. Vossa excelência traz argumentos e documentos, mas não consegue esclarecer depósitos lá de uma bagatela de R$ 5 milhões”, afirmou Marchezan.
O parlamentar aconselhou Cunha a renunciar ao mandato. Apesar de ter criticado a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar Cunha do exercício do mandato, no início de maio, Marchezan Junior acredita que, caso Cunha não renuncie, o STF poderá decidir por sua prisão.