‘Agressão constitucional’

Guimarães fala em derrota ‘provisória’ e diz que houve ataque à Constituição

Para líder do governo, luta continua com apoio das ruas, dos movimentos sociais e de países que estão vendo ameaça feita à democracia brasileira. Ele disse que ‘base do governo está inteira’

Gustavo Lima / Câmara Federal

Guimarães: “Estamos tendo o apoio dos outros países e da população brasileira nas ruas. Vamos continuar a luta”

Brasília – O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), um dos primeiros a se manifestar publicamente sobre a aprovação do processo de impeachment pela Casa, disse, antes mesmo do final da sessão, que o mundo inteiro está sabendo o golpe contra a democracia que está ameaçando o Brasil e deverá atuar para ajudar a impedi-lo. “Estamos tendo o apoio dos outros países e da população brasileira nas ruas. Vamos continuar a luta”, afirmou o deputado, sem conseguir esconder o abatimento. Coube a ele reconhecer a derrota do governo pouco antes de ser atingido o índice de 342 votos necessários para a provação do afastamento da presidenta.

Segundo Guimarães, a derrota desta noite deve ser considerada “derrota provisória”, porque, destacou, “os golpistas ganharam aqui na Câmara, mas não ganharão no final”. “Nossas expectativas são que o país se levante e vamos continuar lutando porque não somos de recuar, muito menos de nos deixar abater por essa derrota momentânea. Nós estamos inteiros, o governo está inteiro para barrar o golpe no Senado Federal”, afirmou.

O líder também acrescentou que a votação de hoje representou o que chamou de “agressão à legalidade democrática” e “agressão à Constituição Federal”. “Além de tudo, é um desrespeito aos 54 milhões de brasileiros que votaram na presidenta, mas estamos de cabeça erguida.”

‘Muitos tiveram dignidade’

De acordo com o deputado, “tem muita gente com dignidade que ficou ao nosso lado e todos que estiveram ao nosso lado deram uma bela demonstração com a democracia brasileira”. “Perdemos porque os golpistas foram mais fortes, mas estamos firmes, e esse país vai se levantar contra os golpistas que não têm voto e nem condições de governar o Brasil. A luta agora é nas ruas e no Senado”, acrescentou.

No final, depois de mais de seis horas de votação, o placar apontou 367 votos favoráveis de deputados (25 votos a mais do que o necessário), 137 contrários e sete abstenções. Segundo informações de deputados da base, desde as primeiras duas horas, quando começaram a ser observadas as primeiras votações, os apoiadores do governo já começaram a desanimar em relação ao resultado, porque perceberam que o mapa formado por eles anteriormente não deveria ser atingido – diante de mudanças de posições de deputados do PP, PSB e da ala do PMDB que prometia votar com o Executivo.

O líder também disse que os apoiadores do governo, juntamente com os movimentos sociais pretendem fazer um processo de mobilização social grande, daqui por diante, além de procurar dialogar com o Senado. “O Senado pode corrigir essa ação dos golpistas, que foram capitaneados por aqueles que não têm autoridade moral para falar em ética. O governo da presidenta Dilma Rousseff, ao reconhecer essa derrota provisória, não entende que a luta terminou. Esta é uma autorização que vai para o Senado, onde será discutido o mérito.”

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