Zika vírus

Wagner: ‘Combate ao Aedes tem que ser contínuo e durar mínimo de dois anos’

Ministros fazem balanço das ações contra mosquito e pedem mais engajamento da sociedade. Controle da microcefalia será debatida em evento com pesquisadores brasileiros e internacionais ainda este mês

Elza Fiuza/ABr

Castro: “Não está claro se há algum fator contribuinte, que ao lado do zika, desencadeie a má-formação fetal”

Brasília – Depois de uma reunião hoje (15) entre a presidenta Dilma Rousseff e vários ministros no Palácio do Planalto o governo divulgou o balanço das ações da campanha iniciada no último sábado de combate ao Aedes aegypti e, mais do que divulgar números, passou o recado de que o trabalho tem de ser “contínuo, perene e durar no mínimo dois anos” para a erradicação total do mosquito no país.

A declaração foi do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, seguida de dados apresentados pelo titular da Saúde, ministro Marcelo Castro. No total, foram visitados 428 municípios brasileiros somente no último sábado, vistoriadas e tomadas providências para acabar com focos em 2 milhões 865 mil residências pelos militares.

Mas o lado negativo dessas vistorias foi que, do número total, cerca de 295 mil residências (entre casas e terrenos murados, que foram computados como residências também, por serem possíveis criadouros do mosquito) não puderam ser visitadas por estarem fechadas. E em outras 15 mil, os proprietários ou moradores se recusaram a deixar os representantes das Forças Armadas entrarem.

Recentemente, um decreto presidencial determinou que nas áreas encontradas fechadas o Estado poderá entrar, mas para que isso seja feito, são necessárias regras como a repetição da visita dos militares ou agentes de saúde ao local. E, posteriormente, a ida até lá com uma ordem judicial.

“Vamos combater todos os focos, mas não podemos invadir estas residências assim, de forma arbitrária. O que queremos deixar claro aqui é que esse tipo de combate é de longo prazo e que para vencermos a batalha contra o mosquito, além da ação integrada entre vários governos, é preciso o engajamento da sociedade”, afirmou Jaques Wagner.

Também o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, disse que a ação contou com 220 mil integrantes das Forças Armadas e 263 mil agentes de saúde e envolveu, além do Executivo federal, governos estaduais e municipais, mas não terminou. E, a partir desta segunda-feira, novos militares e agentes públicos estão percorrendo outros municípios.

“Conseguimos atender ao objetivo de integração entre vários órgãos de todas as esferas  (federal, estaduais e municipais). E o esforço prossegue”, acentuou. Segundo Rebelo, a partir de hoje 55 mil militares que foram especialmente capacitados para a aplicação de produtos de combate às larvas do Aedes aegypti começaram a percorrer os estados, e seguem até quinta-feira (18). No dia seguinte, a iniciativa passa a abranger também escolas e universidades.

A saia-justa da entrevista aconteceu durante perguntas feitas ao ministro da Saúde sobre as investigações referentes à ligação dos casos de microcefalia com o zika vírus. Castro, que é deputado do PMDB, tem tido o nome constantemente citado como próximo ministro a ser exonerado, pelo fato de sua performance não ter agradado ao Planalto. Ele foi questionado se pedirá licença do cargo para votar no candidato à liderança do partido na Câmara. E afirmou que ainda não há qualquer decisão sobre esta possibilidade por parte da legenda que integra.

Zika e microcefalia

Em relação à microcefalia, o ministro disse não ver fragilidade nas estatísticas existentes. De acordo com Marcelo Castro, mesmo com as várias suspeitas e especulações mencionadas por entidades diversas de saúde, “não há dúvida sobre correlação da contaminação pelo zika e casos de microcefalia, segundo pesquisas”. “O que ainda não está 100% claro é se há algum fator contribuinte, que ao lado do vírus zika, desencadeie a má-formação fetal”, disse.

O ministro também lembrou que até o segundo semestre de 2015, a microcefalia não era um caso de notificação compulsória quando observada no país porque não havia epidemia no Brasil. “Nós tínhamos, em média, 150 casos notificados aqui por ano”, ressaltou.

Castro acentuou que ainda em fevereiro será realizado no Brasil um encontro entre representantes da Secretaria de Saúde americana, técnicos do National Institutes of Health (NIH), do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) e técnicos do Ministério da Saúde, do Instituto Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto Butantan.

O intuito do evento é discutir a microcefalia e formas de combater novos casos, inclusive o desenvolvimento de uma vacina. “Hoje temos no Brasil 15 pesquisadores do CDC, que junto com nossos técnicos do Ministério da Saúde, estão na Paraíba para fazer exatamente essa correlação entre o vírus zika e a microcefalia, para saber se há algum outro fator estabelecido”, afirmou.

Leia também

Últimas notícias