contra o golpe

Para UNE, tentativa de impeachment é ‘fruto de chantagem política’

Em nota, entidade afirma que Eduardo Cunha 'não representa os anseios da juventude que luta em todo o Brasil'

Rovena Rosa/Agência Brasil

A UNE também reitera que “é preciso muita unidade para resistirmos aos ataques oportunistas”

São Paulo – A União Nacional dos Estudantes (UNE) declarou, em nota oficial, que repudia o acolhimento do pedido de abertura do processo de impeachment contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No comunicado, a entidade afirma que o requerimento é “fruto de uma flagrante chantagem política por parte de Cunha”. A UNE diz ainda que a reeleição de Dilma foi um “resultado eleitoral limpo e democrático”.

Eduardo Cunha não representa os anseios da juventude que luta em todo o Brasil. Ao contrário do que ele disse, a aceitação do impeachment não é o que pede as ruas”, afirma a UNE, que convoca a sociedade a opor-se ao “ataque à democracia”, reiterando que “é preciso muita unidade para resistirmos aos ataques oportunistas”.

Na última quinta-feira (3), a presidenta da entidade, Carina Vitral, afirmou por meio do Twitter que o impeachment é imoral. “A aceitação do impeachment por Eduardo Cunha é imoral, sua admissibilidade é fruto de uma chantagem política e não terá apoio da UNE!”

Leia a nota na íntegra:

A União Nacional dos Estudantes vem a público repudiar a aceitação do impeachment contra a Presidenta Dilma Rousseff, fruto de uma flagrante chantagem política por parte de Eduardo Cunha diante da votação para continuidade do processo de cassação do Presidente da Câmara dos Deputados no Conselho de Ética.

Em 2014, a presidenta Dilma foi reeleita obtendo resultado eleitoral limpo e democrático, mas desde a sua vitória vem sofrendo diversos ataques. Não há nenhuma prova ou indícios de envolvimento de Dilma com corrupção, ao contrário de Eduardo Cunha que até agora não conseguiu responder às acusações de lavagem de dinheiro e escondeu suas contas na Suíça. Por isso, não temos dúvidas, a palavra de ordem que moverá os estudantes é “Fora Cunha!”.

Eduardo Cunha não representa os anseios da juventude que luta em todo o Brasil. Ao contrário do que ele disse, a aceitação do impeachment não é o que pede as ruas. Nas ruas estamos lutando por direitos, como foi a recente “Primavera das Mulheres” que rechaçou o deputado, a Marcha das Mulheres Negras e das Margaridas, a ocupação das universidades estaduais no Rio de Janeiro, e a luta dos estudantes secundaristas contra o fechamento das escolas em São Paulo. As “pedaladas fiscais” não configuram crime de responsabilidade, portanto, o impeachment sem base legal se configura num verdadeiro golpe à democracia.

Ao longo dos quase 80 anos de história, a UNE sempre se colocou ao lado da democracia. Ainda que jovem, a democracia no Brasil foi construída com a luta e a vida de estudantes brasileiros e, nesse momento, voltaremos às ruas para defendê-la. Esse movimento de impeachment, representa mais uma tentativa de promover um grave retrocesso na política brasileira. O povo sofre por conta de uma crise econômica mundial, aprofundada pelo ajuste fiscal, com cortes na educação e diminuição de direitos. Esses problemas não serão resolvidos com o impeachment, é preciso barrar a tentativa do conservadorismo de se consolidar como alternativa, e lutar pelo aprofundamento das mudanças com uma nova política econômica e um novo sistema político.

Nesse momento, é preciso muita unidade para resistirmos aos ataques oportunistas. Convocamos os estudantes e movimentos sociais a tomarem as ruas para barrar o impeachment, para defender a democracia e pedir a cassação de Eduardo Cunha.

Conclamamos as diversas iniciativas que a UNE faz parte, como a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo para marcharem juntas contra o retrocesso.

Venceremos!

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