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PSB tenta atrair nomes e se consolidar como ‘terceira via’ para eleições de 2018

Presidente do partido de Eduardo Campos, morto no ano passado, Carlos Siqueira diz que outros nomes, além de Marta Suplicy, podem desembarcar na legenda, como o senador tucano Álvaro Dias

Waldemir Barreto/Agência Senado

Se planos do PSB derem certo, Marta, Paim (ao centro) e Romário, que é da legenda, podem ser colegas de partido

São Paulo – De olho na aposta de que as eleições de 2018 podem acabar confirmando a recusa do eleitorado à polarização PT x PSDB e a vitória da chamada “terceira via”, o PSB pode estar se transformando em “porto seguro” de descontentes de peso de outras legendas. A expectativa é de que a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, por exemplo, assinará sua filiação à legenda do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos em 15 de agosto, embora persistam especulações, principalmente em Brasília, de que a ex-petista ainda pode ir para o PMDB de Michel Temer.

Mas o PSB quer mais. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), aborrecido no ninho tucano, é um deles. Além de não ter bom relacionamento com o governador paranaense e correligionário Beto Richa, Dias se desgastou no partido após sua enfática defesa do nome de Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal, indicação combatida pela bancada tucana no Senado.

Ainda no terreno das especulações, os também senadores petistas Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA) poderiam também desembarcar no PSB. A senadora Lúcia Vânia (GO), que deixou o PSDB no mês passado afirmando não se sentir bem num partido que aposta “no quanto pior, melhor”, fará companhia a Marta Suplicy a partir de agosto, garante o presidente do PSB, o pernambucano Carlos Siqueira.

Siqueira nega que haja resistências à provável chegada de Marta ao partido. A própria ex-prefeita paulistana Luiza Erundina seria uma das descontentes com a futura companhia. “De todas as pessoas com quem falei não teve nenhuma objeção. Muito pelo contrário, há um grande entusiasmo que ela se filie ao PSB e seja nossa candidata em 2016”, diz.

A bancada do PSB no Senado, que hoje conta com cinco parlamentares, poderia chegar a oito, caso Marta e Vânia confirmem a filiação e o paranaense Álvaro Dias resolva se bandear para a legenda. Siqueira, que foi coordenador da campanha de Eduardo Campos, morto em agosto de 2014, diz que as conversas com Dias estão em andamento. Ambos almoçaram na semana passada. “Ele me pareceu decidido a sair do partido dele e uma hipótese é vir para o PSB. Depois do recesso voltaríamos a conversar. É uma possibilidade“, conta Siqueira.

Segundo o dirigente, os diálogos com os senadores Walter Pinheiro e Paulo Paim estão menos adiantados. “Há conversas com eles, mas são iniciais. Vamos aguardar.”

Fusão com o PPS

Fora o pretendido reforço do “time”, o assunto que dominou as hostes do PSB nos últimos meses, a fusão com o PPS, está suspenso e assim deve ficar pelo menos até as eleições municipais do ano que vem. O próprio Siqueira e o presidente do PPS, Roberto Freire, são defensores da fusão.

Mas há quem discorde veementemente. A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) é uma das vozes discordantes. A ex-prefeita paulistana divulgou um “Manifesto aos militantes em defesa do PSB” no qual afirma que o partido “hoje (está) ameaçado de ter sua história definitivamente conspurcada”.

Outro representante da esquerda histórica do PSB, o ex-presidente da legenda, Roberto Amaral, declarou à imprensa, no final de maio, que a fusão com o PPS seria uma “tragédia”, com o objetivo de fortalecer o caminho do governador Geraldo Alckmin para 2018. O vice de Alckmin, Márcio França, é a principal liderança do PSB no estado.

Sobre a posição de Erundina, Carlos Siqueira comenta que “é um direito das pessoas que discordam opinar”. “No momento da discussão, a maioria decide. É assim que as coisas funcionam. É da natureza da democracia interna do partido.”

Siqueira nega também que a viúva de Eduardo Campos, Renata, teria “vetado” a fusão com o PPS, segundo se especulou principalmente na imprensa pernambucana. “Nunca houve veto, nem dela nem de ninguém, diga-se de passagem. Na verdade, quem se colocou contra foi o Roberto Amaral, mas aí é outra história.”

Nome da linha de frente do PSB, o governador pernambucano, Paulo Câmara, teria sido um dos que trabalharam, no mínimo, pelo adiamento da fusão para 2017.  De acordo com o presidente da legenda, “o governador e o prefeito de Recife (Geraldo Julio) não se colocaram frontalmente contra (a fusão)”.

Segundo o presidente do partido, governador e prefeito “fizeram ponderações” no sentido de que seria melhor aguardar o resultado da reforma política e as eleições municipais.

Siqueira diz que a opinião de Roberto Amaral, segundo a qual a fusão obedeceria ao projeto paulista de Alckmin e Márcio França, “não tem nenhum fundamento e relação com a realidade”, porque “o PSB vai lançar sua própria candidatura” em 2018.

A reportagem procurou a deputada Luiza Erundina, mas não obteve retorno.

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