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CPI do HSBC ouve nesta quinta primeiros depoimentos e tenta agilizar trabalhos

Foram convidados os jornalistas Fernando Rodrigues e Chico Otávio e o ex-secretário da Receita Everardo Maciel. Presidente quer que ‘trabalhos sejam realizados com serenidade, sem espetacularização’

Marcos Oliveira/Agência Senado

Senadores Ricardo Ferraço e Randolfe Rodrigues, ontem, durante instalação da CPI

Brasília – Programada para esta quinta-feira (26), a reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que tem a missão de apurar o caso das contas secretas no HSBC abertas por brasileiros na Suíça (que podem representar crime de evasão de divisas e sonegação de impostos) dará início à tomada de depoimentos e já tem roteiro pré-definido. Foram convidados para falar aos senadores sobre o SwissLeaks – como está sendo chamado o caso – os jornalistas Fernando Rodrigues, do portal UOL, e Chico Otávio, do jornal O Globo, e o economista e consultor Everado Maciel. Os convites são resultado do primeiro requerimento aprovado pela CPI, do senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP).

Os integrantes da comissão também devem definir a aprovação de outros seis requerimentos, entre os quais convocação do diretor-presidente do banco HSBC no Brasil, André Guilherme Brandão, e contatos com autoridades do governo francês – se necessário, até mesmo com a ida de alguns deles à Suíça. Também foram solicitados convites a diretores do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Receita Federal, bem como a organização da visita de um grupo de senadores à Procuradoria-Geral da República (PGR) para tratar do tema com Rodrigo Janot.

Há requerimentos que pedem, ainda, contato da CPI com autoridades da França envolvidas nas apurações e convite para depor – ou encontro – dos senadores com o especialista em informática Hervé Falciani, que entregou a estas autoridades francesas a lista de pessoas suspeitas no escândalo.

De acordo com o senador Randolfe, que é também o autor do pedido para criação da CPI, a participação dos jornalistas e do ex-secretário da Receita nesta quinta é fundamental para as investigações, já que os três possuem informações detalhadas sobre o caso. Os jornalistas por terem sido os primeiros a divulgar o escândalo internacional e Maciel, porque era ex-secretário da Receita Federal na época da abertura das contas. “Precisamos saber até onde o governo tinha conhecimento destas contas e quanto as pessoas que são correntistas declararam à Receita”, enfatizou. O requerimento com os convites foi aprovado na manhã de hoje (25), durante reunião extraordinária da comissão.

Já o relator da comissão, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), disse que pretende defender que a prioridade dos trabalhos, neste primeiro momento, seja ouvir, depois desses depoimentos, dirigentes de órgãos do governo que já estejam apurando o caso, como o Coaf e a atual diretoria da Receita.

Queixas sobre demora

A CPI foi instalada ontem em meio a reclamações de que o Senado estava demorando para dar início aos trabalhos – o que foi justificado com a pauta ampla de votações para serem deliberadas no plenário, nas últimas semanas. Apesar de terem demonstrado preocupação em dar um ritmo célere à tomada de depoimentos, vários senadores têm acentuado que as investigações precisam ser realizadas com serenidade.

O presidente da CPI, senador Paulo Rocha (PT-PA), afirmou que fará tudo para evitar que a comissão “seja palco de espetáculos”. “É preciso que as investigações aconteçam com equilíbrio, segurança, serenidade e responsabilidade e é por isso que vou lutar”, acentuou. A reunião terá início às 8h30 e será dividida em duas etapas, de forma a possibilitar que, além do depoimento dos convidados, os senadores também consigam apreciar os requerimentos apresentados até agora.

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