Brasília

Sem acordo, Congresso deixa para agosto votação de PL dos royalties

Dificuldade na negociação entre líderes partidários adia votação final na Câmara, que fica para volta do recesso em semana esvaziada

Roberto Stuckert/Câmara

A principal dificuldade está na definição sobre recursos do Fundo Social para saúde e educação

São Paulo – Enquanto a presidenta Dilma Rousseff cobrava no Paraná a aprovação do projeto de lei que destina mais recursos à educação e à saúde, em Brasília o Congresso decidia deixar para a primeira quinzena de agosto a apreciação do texto. Os líderes partidários não chegaram a acordo durante reunião para definir a pauta da semana, e agora o PL 323, de 2007, só será apreciado no início do próximo semestre legislativo.

Foi mais uma das decisões tomadas na semana que parece dar formato definitivo à “agenda positiva” empreendida pelo Legislativo como resposta às manifestações de junho. À medida que o clamor das ruas perdeu força e que o período de recesso branco foi chegando, os corredores dos dois lados do Congresso foram se esvaziando até chegar a um final de esforço em que interesses partidários e divergências dentro e fora da base aliada prevaleceram sobre a aprovação de projetos importantes para o país.

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirma que há divergências em relação a vários pontos da proposta, como o percentual das verbas do petróleo que será destinada ao fundo social, que é uma espécie de poupança do governo. “O primeiro passo é pegar cada item polêmico e irmos às ultimas consequência, para que não haja nenhuma dúvida. É uma atitude de cautela”, disse. “Uma parte apoiou o governo e outra ficou com o parecer do relator. Portanto, alguma coisa não está bem. Mesmo partidos extremamente disciplinados se dividiram.”

Os deputados chegaram a aprovar o parecer do relator, deputado André Figueiredo (PDT-CE), que rejeitou a maioria das alterações feitas pelo Senado e restabeleceu o texto da Câmara. A liderança do governo, no entanto, defende a proposta aprovada no Senado.

A principal polêmica diz respeito às verbas do Fundo Social. O governo defende a aplicação obrigatória de 50% dos rendimentos do fundo em saúde e educação, já a oposição e alguns deputados da base aliada querem que metade das verbas totais do fundo sejam investidas nestes dois setores. Estudo da Câmara aponta uma diferença de R$ 170 bilhões em dez anos entre a versão definida no Senado e a defendida entre os deputados.

“O governo insiste em derrubar o repasse do fundo social, querendo dizer que apenas o rendimento é suficiente. Mas sabemos que isso seria insignificante, uma farsa para dois setores fundamentais como são a saúde e a educação”, reclamou Caiado.

Em discurso em Ponta Grossa, Dilma Rousseff voltou a defender a aprovação do texto: “Temos de assegurar creche para crianças que mais precisam, quanto mais e melhores creches, mais atacamos uma coisa muito importante, a raiz da desigualdade, e damos oportunidades iguais para cada brasileirinho. Para isso é preciso recurso, dinheiro para pagar professor de forma adequada por sso defendemos uso de royalties do petróleo para a educação.”

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