Dilma: ‘Tempo do prendo e arrebento acabou’

Presidenta diz que governo irá agir para que supermercados reduzam preço de produtos desonerados da cesta básica, mas descartou ações repressivas

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff descartou hoje (15) a adoção de medidas repressivas contra donos de supermercados que ainda não reduziram, nas prateleiras, os preços dos alimentos incluídos no pacote de desoneração da cesta básica, lançado há uma semana.

Dilma afirmou que não irá permitir que os setores beneficiados mantenham os preços em alta e que o empresariado precisa dar sua contribuição, mas adiantou que o governo vai agir mais no convencimento do que na repressão. “A relação do prendo e arrebento acabou. O governo não faz isso. O governo dialoga, o governo persuade. É uma questão que eu também acho que beneficia o empresário. Porque se ele tiver desoneração, vai ter mais renda”, disse ela durante entrevista coletiva após anúncio de medidas para fortalecer os direitos de cidadania dos consumidores brasileiros.

Para a presidenta, é preciso “consciência” dos empresários, donos de supermercados e produtores para que a desoneração seja sentida pelo consumidor final.

“O nosso país tem de ter uma relação de respeito entre o governo e a sociedade. O governo desonerou a cesta básica. O governo acha que é fundamental reduzir os tributos. Agora, precisamos que essa consciência seja também dos empresários, dos senhores donos dos supermercados, dos produtores, para que, de fato, a desoneração seja algo com que todo mundo ganhe”, disse Dilma.

Agências

Também durante a coletiva, Dilma falou do fortalecimento das agências reguladoras, previsto no Plano Nacional de Consumo e Cidadania. Consideradas pela presidenta defensoras do consumidor, o lado mais frágil da relação de consumo, as agências devem ser profissionalizadas cada vez mais, reduzindo a interferência política. “O governo vai exigir um nível de composição bastante técnica”, disse ela.

Segundo ela, entre outras coisas, o cumprimento de prazos pelas agências nas respostas aos questionamentos dos consumidores precisa ser respeitado. “Eu tenho hoje no governo uma ideia central. Acredito que o governo tem de cumprir prazo. Sou da época que falar em cumprir prazo não era a prática usual dentro do serviço público. Nós queremos que haja respeito a prazos”.

Ministérios e Gerdau

Os repórteres também quiseram saber sobre a reforma ministerial, que supostamente seria anunciada hoje. Ela disse que não falaria sobre o tema.

A respeito das críticas feitas pelo empresário Jorge Gerdau sobre o número de ministérios do governo, que, segundo estaria no “limite da burrice”, Dilma não entrou no mérito da polêmica disse que qualquer pessoa pode criticar seu governo. Ela lembrou do tempo da ditadura, quando foi presa e torturada, e se disse feliz por, 40 anos depois, ser presidente de um país democrático.

 

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