Russomanno nega ser conservador e diz ser o contrário disso, um ‘empreendedor’

Candidato do PRB à prefeitura de São Paulo quer roupas novas para a GCM porque guarda 'bem trajado é mais respeitado' e promete a empresários mudanças na Lei da Ficha Limpa

São Paulo – “Não sei o que é ser conservador. Acho que não sou conservador, sou o contrário disso. Sou empreendedor, no nosso programa de governo temos claramente o empreendedorismo.” Com esse raciocínio o candidato Celso Russomanno (PRB) respondeu na manhã desta terça-feira (26) à pergunta sobre o que acha de ser identificado com os setores mais conservadores de São Paulo após ter declarado ontem, na Vila Prudente, que quer “ressuscitar a Guarda Civil Metropolitana do Jânio Quadros, que era eficiente e ajudava a população”.

Ele participou da edição de setembro da Mesa de Valores, promovida pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), num hotel da zona sul de São Paulo. O convite ao candidato foi feito para que ele discutisse com empresários do segmento soluções para o varejo, especificamente de shoppings centers, que se considera perseguido pela gestão de Gilberto Kassab (PSD).

“A atual gestão deixou os shoppings se instalarem e agora diz que estão irregulares. O poder público tem de resolver o problema. Não sair por aí dizendo que vai fechar e acabar com 3 mil empregos”, afirmou o candidato.  Ele disse preferir “sanar as irregularidades” em vez de fechar shopping centers, mesmo irregulares, e prometeu desburocratizar os trâmites para instalação de empresas, usando a internet.

Uma das demandas dos lojistas de shopping diz respeito à Lei Cidade Limpa, que eles consideram prejudicial ao segmento. Celso Russomanno prometeu que, se eleito, vai estudar com os técnicos da prefeitura uma maneira de “melhorar essa lei, sem poluir o meio ambiente”. Isso porque, segundo ele, a legislação, que limita tamanhos e formatos de letreiros comerciais, é radical. “Tem de ser mais equilibrada”, disse. 

Segurança

A despeito de sua associação com Jânio Quadros e Paulo Maluf, Russomanno continua abordando a questão da segurança pública com frequência em seus compromissos públicos, mesmo quando não é perguntado, como no evento da Alshop.

Embora reconheça que não é competência da prefeitura, ele afirmou que pretende melhorar a segurança prestigiando a Guarda Civil Metropolitana (GCM), investindo em uniformes e treinamento de “três mil homens por ano”. Segundo Russomanno, “guarda bem vestido vai ser mais respeitado”.

Mais do que isso, o candidato voltou a citar o Artigo 301 do Código de Processo Penal (CPP) para defender mais autonomia da GCM. O dispositivo diz expressamente: “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. Ele propõe também criar um destacamento que chama de “guarda amigo” dentro das escolas e disseminar câmera nas ruas. “Mas, antes das câmeras, temos de iluminar as ruas.”

Perguntado se teria se sentido incomodado com a suposta exigência do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, com quem se encontrou no sábado (22), de gravar a conversa que tiveram, Russomanno foi sucinto: “Não falo mais sobre religião”.

Eleição e política

No evento promovido pela Alshop o candidato do PRB foi perguntado sobre se já se considera no segundo turno, e respondeu com o velho jargão: “Eleição só se ganha com o voto na urna”. Mas disse que não tem preferência por enfrentar Fernando Haddad (PT) ou José Serra (PSDB): “O que vier, vamos disputar”.

Ele voltou a defender sua ideia sobre transporte público e prometeu que não vai acabar com o Bilhete Único. “Disseram que vamos aumentar a passagem para desestabilizar a campanha, o que é mentira, porque o que temos dito é que a passagem vai ficar no preço em que está, e quem andar menos vai pagar menos.” Na visão do adversário Haddad, esta proposta inverte a lógica do Bilhete Único e pune os mais pobres, que são os que percorrem trajetos mais longos. 

Russomanno negou que terá problemas para governar em uma eventual vitória devido ao fato de sua chapa ser formada por partidos pequenos, seu PRB e o PTB do vice, Flávio D’Urso. “Não tenho dificuldade nenhuma em dialogar. Aprovei as leis que propus como deputado federal”, lembrou, citando o Estatuto da Pessoa com Deficiência como exemplo. “Dizem que não tenho acesso aos governos estadual e federal. Não é verdade. Apoiei a Dilma na eleição e tenho ótimo relacionamento com o governador Alckmin”, concluiu.

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